Uma guerra nuclear apenas entre Rússia e EUA mataria mais de 5 bilhões de pessoas, diz estudo

Em estudo revisado por pares, publicado na Nature Food, mostra as consequências catastróficas de horror e fome neste cenário de guerra entre as duas potências

de Redação Jornal Ciência 0

A ameaça de uma guerra nuclear parece ter crescido de forma desconfortavelmente real nos últimos anos, à medida que as tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentaram.

Os pesquisadores calcularam que, se uma guerra nuclear explodisse entre Rússia e EUA, seria devastadora não apenas para suas próprias populações, mas para o resto do mundo, matando 5 bilhões de pessoas devido à fome global.

Em um artigo publicado na revista Nature Food, revisado por pares, diz que uma guerra nuclear em grande escala ameaçaria a segurança alimentar e levaria bilhões à fome severa.

Deepak K. Ray, do Instituto do Meio Ambiente da Universidade de Minnesota, escreveu o artigo, explicando que a fuligem gerada de bombas nucleares, lançada na atmosfera, seria suficiente para bloquear a luz solar e impedir o crescimento das plantações agrícolas.

As temperaturas também despencariam, já que a luz solar não conseguiria mais aquecer o planeta como antes, obrigando grandes áreas do mundo a sofrer com o chamado inverno nuclear — que poderia ser bastante severo, já que necessitamos da luz solar em contato direto com a terra para mantermos a temperatura.

Como parte do estudo, os pesquisadores testaram modelos climáticos simulando 6 diferentes cenários de guerra nuclear para determinar o que aconteceria com a produção e o comércio agrícola.

Descobriu-se que no cenário entre EUA e Rússia, mais de 75% do mundo passaria fome dentro de 2 anos. Quase todos os países seriam afetados diretamente, exceto a Austrália e algumas nações da África e da América do Sul.

Eles também modelaram o que aconteceria com a produção agrícola e o comércio em uma guerra nuclear de escala relativamente pequena, entre a Índia e o Paquistão.

Neste caso, o resultado ainda seria catastrófico, pois mais de 2 bilhões de pessoas poderiam morrer como resultado da fome, pela fuligem lançada na atmosfera, bloqueando parte da luz solar.

O declínio das colheitas seria visto mais fortemente em países de latitude média a alta, que incluem os EUA e a Rússia, que exportam mercadorias agrícolas para países na África e no Oriente Médio.

Muito parecido com o que aconteceu há cerca de 66 milhões de anos, quando um asteroide eliminou cerca de 3/4 de todas as espécies da Terra, os que não morressem pelo impacto e consequências diretas das bombas nucleares, sucumbiriam à fome.

Os cientistas mostram que, uma guerra nuclear de grande escala (EUA e Rússia) e pequena escala (Índia e Paquistão), teria resultado igualmente sombrio para toda a vida no planeta, equivalente a queda de um asteroide e suas consequências secundárias. A fome seria a principal forma de morte.

Atualmente, o Paquistão tem até 150 armas nucleares e nenhuma ogiva implementada. O país só começou a investir neste tipo de defesa após a Índia declarar-se como potência nuclear, com 140 armas nucleares, mas não possui nenhuma ogiva implementada.

Em caso de guerra nuclear entre EUA e Rússia, o cenário poderia ser ainda pior, possivelmente levando à extinção da espécie humana, já que as duas nações juntas possuem 92% de todas as armas atômicas que existem no mundo — quase 13.500 bombas nucleares em números estimados e atualizados.

Rússia tem 6.800 armas totais, sendo 1.600 ogivas implementadas. Com o fim da União Soviética, a Rússia permaneceu com um imenso armamento nuclear e em 2018 possuía 4.300 ogivas implementadas — o que preocupava o mundo à época.

Já os EUA, primeiro país do mundo a se tornar uma potência nuclear em 1945, detém 6.500 armas atômicas, sendo 1.750 ogivas implementadas.

Além disso, os EUA realizaram uma modernização nuclear com capacidade de atacar atomicamente por via terrestre, marítima e aérea. Neste cenário, a China tem 280 armas nuclearas, mas nenhuma ogiva implementada.

Diz-se que uma bomba nuclear está implementada quando se encontra na forma de ogiva, ou seja, encapsulada de forma a tornar-se menor e mais versátil.

Desta forma, a bomba nuclear pode ser acomodada em mísseis balísticos intercontinentais (com capacidade de levar várias ogivas ao mesmo tempo) que aumentam drasticamente o poder de destruição.

Quando um país possui ogivas implementadas, isso significa que está “pronto”, caso estoure alguma guerra e seja necessário atacar um país ou continente inimigo, rapidamente.

Fonte(s): The Independent / Indy100 Imagens: Reprodução / Indy100

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