Por que levar animais no porão de avião pode ser tão perigoso? A verdade sobre os riscos que poucos sabem

de OTTO HESENDORFF 0

Voar pode ser estressante para humanos e nossos bichinhos de estimação, mas para eles a situação pode ser bem pior. Lembra daquela sensação de frio na barriga na sua primeira viagem de avião? Agora multiplique isso por dez. É o que nossos amigos peludos sentem quando estão no ar.

Cães, gatos e qualquer animal terrestre não foram feitos para voar. Eles não têm o organismo preparado para isso, e cuidados extremos precisam ser tomados quando viajam de avião — mas muitas empresas parecem não se importar com isso.

Infelizmente, mesmo com todas as promessas de segurança das companhias aéreas, diversos casos de pets morrendo durante o voo continuam acontecendo todos os anosMuitas pessoas sequer imaginam os perigos que aguardam seus bichinhos na escuridão do compartimento de carga de um avião comercial. Aqui estão alguns dos principais riscos:

1. Variações bruscas de temperatura

A temperatura do compartimento de carga não é regulada adequadamente. Afinal, bagagens e mercadorias dificilmente precisam de climatização especial. Infelizmente, a maioria das companhias aéreas ignora o fato de que pode haver pets no compartimento de carga, que muitas vezes são despachados como bagagem (nos EUA e em boa parte do mundo, não há compartimento exclusivo para pets).

A temperatura do compartimento de carga varia muito, e as caixas de transporte frequentemente ficam expostas ao calor intenso da pista durante o carregamento e descarregamento, causando desidratação e, muitas vezes, morte.

2. Flutuações na pressão do ar

Assim como a temperatura, a pressão do ar também flutua na área de carga do avião. Aquela sensação de estalo nos ouvidos durante a mudança de altitude é muito pior para os pets. Isso acontece várias vezes durante a decolagem e o pouso, devido à grande variação de pressão.

Seus bichinhos podem vomitar ou se aliviar por medo. Mesmo que a pressão não seja regulada adequadamente (como deveria ser feito quando há um pet a bordo), as companhias aéreas podem alegar que se trata de um problema de saúde preexistente do animal. Elas se importam pouco com as regras de transporte (as poucas regras) de pets, e na maioria das vezes saem ganhando, tornando o atestado de saúde do veterinário inútil.

3. Barulho ensurdecedor

Cães, gatos e outros animais são muito mais sensíveis a sons. O que parece normal para nós pode ser um barulho ensurdecedor para eles. Isso pode se intensificar dentro do compartimento de carga do avião.

A bagagem costuma ser jogada de um lado para o outro quando não é presa corretamente, podendo bater contra a caixa de transporte, derrubá-la e gerar barulhos ainda maiores. Se isso acontecer continuamente durante um voo longo, seu pet pode estar traumatizado ao desembarcar.

4. Turbulência

Aquela sensação de frio no estômago toda vez que o avião entra em um bolsão de ar é algo que a maioria de nós ainda não se acostumou. Para os pets, pode ser uma experiência terrível. Eles não sabem o que está acontecendo.

Turbulências fortes podem fazer com que até mesmo adultos desmaiem, então imagine o que um filhote ou gatinho deve sentir. Se eles desmaiarem, podem nunca mais acordar. E, novamente, as companhias aéreas se recusarão a assumir qualquer responsabilidade, alegando que a turbulência é uma causa natural.

5. Péssimo manuseio: o maior risco

O maior risco de transportar seu bichinho de estimação no compartimento de carga de voos comerciais é o mau manuseio. Além dos perigos ambientais, o descaso no manuseio das caixas de transporte por funcionários das companhias aéreas é um problema amplamente relatado, em todo o mundo.

Muitos manipuladores de carga dessas empresas têm pouco ou nenhum cuidado com as caixas de transporte dos pets. Mesmo que a companhia aérea tenha regras rígidas para garantir a segurança dos animais, os funcionários responsáveis pelo manuseio podem não as seguir.

Pior ainda, uma vez que a caixa do seu bichinho é retirada, você não tem como saber como ela está sendo tratada. Investigações anteriores revelaram, por meio de filmagens, que as caixas são jogadas e empurradas sem qualquer cuidado.

Além disso, funcionários nem sempre cumprem a regra de embarcar as caixas por último e desembarcá-las primeiro. Às vezes, elas ficam expostas ao calor escaldante da pista por horas durante a conexão de voos. Algumas companhias aéreas podem prometer que vão tirar seu cachorro para passear, dar comida ou água, mas na maioria das vezes isso não acontece.

Já ocorreram casos de pets desaparecidos porque as caixas não foram carregadas corretamente ou a trava foi quebrada. Quando você finalmente consegue reclamar com a empresa de forma oficial, talvez seu amigo pet não tenha conseguido resistir a tanta falta de respeito com a vida animal.

E no Brasil?

Viajar de avião com um pet é uma possibilidade que não é oferecida por todas as companhias aéreas. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), órgão regulador do setor aéreo no Brasil, as empresas não são obrigadas a transportar animais em voos.

A ANAC permite que as companhias que decidem oferecer esse serviço estabeleçam suas próprias regras de transporte. Além disso, mesmo quando o transporte de animais é permitido, a companhia pode negar o embarque sob certas condições também especificadas pela ANAC.

Orientações da ANAC para o transporte de animais

Conforme a legislação brasileira, a ANAC define animais de estimação como aqueles que são domésticos e não agressivos. Animais de suporte emocional são considerados sob a mesma definição, com o adicional de ajudarem seus tutores a lidar com condições de saúde mental. Tanto animais de estimação quanto animais de assistência emocional devem passar por uma inspeção de segurança no aeroporto antes de embarcar, embora a ANAC não detalhe como essa avaliação é realizada.

As companhias aéreas são responsáveis por definir se e onde os animais viajarão, seja na cabine de passageiros ou no porão da aeronave. Cada empresa estabelece suas próprias regras relativas ao tamanho da caixa de transporte, custos adicionais e a documentação exigida pelos tutores. Também é prerrogativa das companhias determinar a quantidade máxima de animais por voo e o limite de peso total, incluindo o animal e sua caixa.

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Fonte(s): Blue Collor Pet Transport Imagem de Capa: Reprodução / Redes Sociais

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