A Lua está encolhendo e pode ter terremotos com horas de duração, impactando futuras missões espaciais humanas

Novo estudo indica que atividades sísmicas podem interferir nas futuras missões humanas à Lua, previstas para setembro de 2026

de OTTO HESENDORFF 0

Um estudo publicado recentemente no The Planetary Science Journal trouxe à tona um aspecto pouco discutido, mas crucial para as futuras missões à Lua: a atividade sísmica lunar

Este tema é especialmente relevante para a missão Artemis 3 da NASA, planejada para setembro de 2026, que pretende levar humanos à Lua pela primeira vez desde a missão Apollo 17, em 1972.

O estudo destaca que, ao longo de milhões de anos, a Lua encolheu aproximadamente 45 metros em sua circunferência. Este fenômeno é resultado do resfriamento gradual de seu núcleo.

A consequência direta desse encolhimento são as falhas geológicas formadas na superfície lunar. Estas falhas são particularmente preocupantes para as missões, pois podem gerar terremotos lunares.

Um aglomerado de escarpas lobadas (setas apontando para a esquerda) é visto perto do polo sul lunar. A seta apontando para a direita indica uma escarpa de falha de impulso cortada em uma cratera de aproximadamente 1 quilômetro de diâmetro. Foto: Reprodução / NASA 

Thomas R. Watters, um dos principais autores do estudo e cientista do Museu Nacional do Ar e Espaço, nos EUA, explicou: “Esses terremotos lunares, capazes de provocar tremores intensos no solo, são resultado de deslizamentos em falhas existentes ou na formação de novas falhas”.

Esta constatação é crucial para a seleção de locais de pouso na Lua, especialmente na região polar sul, área de interesse da missão Artemis 3.

Os terremotos lunares diferem dos terremotos terrestres em vários aspectos. Eles tendem a durar muito mais tempo alguns chegando a horas de duração — em comparação com os terremotos na Terra, que são geralmente mais curtos. Este fenômeno se deve à composição única e à estrutura da superfície lunar.

Nicholas Schmerr, coautor do estudo e professor associado de geologia na Universidade de Maryland, descreve a superfície lunar como uma combinação de cascalho e poeira secos.

O Artemis 3 da NASA está planejado para pousar onde está o ponto azul. Os pontos em rosa representam possíveis epicentros do terremoto lunar no Polo Sul. Foto: Reprodução / NASA / LRO / LROC / ASU/ Smithsonian Institution

Esta composição, juntamente com o histórico de impactos de asteroides e cometas, torna a superfície lunar suscetível a deslizamentos de terra e trepidações. A pesquisa enfatiza a necessidade de mapear continuamente a Lua, identificando áreas que podem representar riscos para as missões tripuladas.

Schmerr sublinha a importância do estudo, dizendo: “Estamos trabalhando para garantir a segurança dos astronautas, do equipamento e da infraestrutura. Estamos nos preparando para enfrentar os desafios que a atividade sísmica lunar pode apresentar”.

Enquanto a missão Artemis 2, prevista para setembro de 2025, se concentrará em orbitar a Lua, a Artemis 3 tem como objetivo finalizar os preparativos para a aterrissagem humana.

Este estudo, portanto, é um componente chave no planejamento da NASA, assegurando que todas as medidas de segurança sejam consideradas para proteger não apenas os astronautas, mas também o valioso equipamento e infraestrutura envolvidos nas missões lunares.

Fonte(s): Popular Science / Newsweek / Unilad Imagem de Capa: Reprodução / NASA Foto(s): Reprodução / NASA

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