Um novo estudo apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular (Discover BMB), realizada de 23 a 26 de março, em San Antonio, EUA, está alertando para os perigos de reutilizar óleo de cozinha.
A pesquisa alarmante revelou que o consumo de óleo de cozinha reutilizado pode levar a níveis mais altos de degeneração neurológica em ratos e em seus filhotes. Considerando que a prática de reaquecer o óleo para preparar várias refeições é comum em casas e restaurantes do mundo todo, os resultados do estudo podem ter implicações importantes para a saúde humana.
A fritura por imersão envolve submergir completamente o alimento em óleo quente e é uma técnica culinária popular usada para preparar de pastéis a uma infinidade de alimentos. Infelizmente, porém, as delícias que saem das frituras têm sido associadas a diversas doenças, incluindo câncer e diabetes.
Acredita-se que esses riscos aumentem quando o óleo é reutilizado, pois o aquecimento repetido destrói os antioxidantes e outros componentes saudáveis presentes na gordura, além de formar compostos perigosos como gorduras trans e peróxidos.
No entanto, até agora, as consequências do consumo de óleo requentado não haviam sido investigadas adequadamente. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores alimentaram ratos fêmeas com ração padrão ou comida enriquecida com óleo comum ou requentado durante 30 dias.
Ao final do período, os animais que consumiram o óleo reutilizado apresentaram níveis elevados de enzimas hepáticas, indicando altos níveis de inflamação e estresse oxidativo no fígado.
“A fritura em alta temperatura está ligada a vários distúrbios metabólicos, mas não havia investigações de longo prazo sobre a influência do consumo de óleo de fritura e seus efeitos prejudiciais à saúde. Somos os primeiros a relatar que o uso prolongado de óleo requentado aumenta a degeneração neurológica na prole da primeira geração”, explicou o autor do estudo, Kathiresan Shanmugam, em um comunicado à imprensa.
“Como resultado, o metabolismo de lipídios do fígado foi significativamente alterado e o transporte do importante ácido graxo ômega-3 DHA para o cérebro diminuiu. Isso, por sua vez, resultou em degeneração do cérebro dos ratos que consumiram o óleo requentado, bem como em seus filhotes”, explica Shanmugam.
Esses resultados ilustram a importância da ligação fígado-intestino-cérebro e demonstram como a quebra dessa harmonia leva a danos no cérebro. Além disso, os ratos alimentados com óleo requentado apresentaram aumento do colesterol e níveis mais altos de marcadores inflamatórios, como a proteína C-Reativa de Alta Sensibilidade (hs-CRP), ligada a ataques cardíacos e derrames.
Riscos para a saúde humana
Embora o estudo tenha sido realizado em animais, os autores alertam que os resultados podem ser relevantes para a saúde humana. “A fritura em alta temperatura está ligada a vários distúrbios metabólicos. Este estudo é um alerta importante para os consumidores e para a indústria alimentícia”, afirma Shanmugam.
Para evitar os riscos à saúde, os especialistas recomendam evitar reutilizar o óleo de cozinha. Ao fritar alimentos, é importante usar óleo fresco e de boa qualidade, e descartá-lo após o uso. Além disso, é importante manter uma dieta equilibrada e rica em nutrientes, como frutas, legumes e verduras, para proteger o cérebro e o sistema nervoso.
O estudo também levanta preocupações sobre a indústria alimentícia. Muitos restaurantes e empresas de fast-food reutilizam o óleo de cozinha por questões de economia. Os autores do estudo pedem que os órgãos regulatórios tomem medidas para garantir que o óleo usado na produção de alimentos seja seguro para o consumo humano.
Os pesquisadores também observaram danos celulares no cólon desses ratos, assim como a degeneração de células presentes no sistema nervoso central, chamadas de células da glia.
Em uma série de experimentos, os autores expuseram os ratos ao glutamato monossódico e descobriram que esse aditivo alimentar induziu maiores danos neurológicos nos ratos criados com óleo reutilizado.
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Fonte(s): IFLScience / Discover BMB Imagem de Capa: Reprodução / Dari Poomipat / Shutterstock.com