Mistério sem solução: O criminoso de guerra que morreu tomando veneno durante seu julgamento

de OTTO HESENDORFF 0

Em um caso que chocou o mundo e ainda permanece envolto em mistério, o criminoso de guerra croata Slobodan Praljak morreu por envenenamento em pleno tribunal, segundos após ter sua sentença de 20 anos de prisão confirmada.

Praljak, ex-general das forças militares croatas da Bósnia, foi condenado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). Em 29 de novembro de 2017, enquanto aguardava o resultado de seu apelo no Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia (TPIJ), em Haia, na Holanda, o inesperado aconteceu.

Diante dos juízes e com o mundo assistindo ao vivo pela internet, Praljak proclamou sua inocência, bebeu de um pequeno frasco contendo cianeto de potássio e desabou em seguida. O criminoso de guerra morreu em um hospital holandês cerca de duas horas depois.

Uma investigação foi lançada para descobrir como Praljak conseguiu entrar com o veneno na sala de audiência do TPIJ. Imagens de câmeras de segurança, entrevistas com testemunhas e buscas na cela do ex-general não revelaram pistas conclusivas.

Em um comunicado por escrito, o Ministério Público de Haia afirmou que a investigação de meses não conseguiu estabelecer “de que forma e em que momento o Sr. Praljak obteve o cianeto de potássio que utilizou”, deixando os detalhes ainda mais nebulosos.

Os promotores concluíram que não houve crime cometido em seu envenenamento e destacaram que o cianeto de potássio pode ser armazenado como um pó seco, sendo necessária apenas uma pequena quantidade para causar a morte, por ser altamente tóxico.

Praljak deixou uma carta de despedida manuscrita para sua família, supostamente escrita 2 anos antes do ocorrido no tribunal. Na nota, ele expressou sua inocência e pediu que suas cinzas fossem espalhadas em um cemitério na capital croata, Zagreb.

“Ele já havia decidido há muito tempo pôr fim à própria vida, caso fosse considerado culpado”, afirmaram os promotores, citando um trecho da carta. O ato de Praljak gerou grande comoção e levantou questionamentos sobre a segurança do tribunal. As autoridades holandesas informaram que tomaram medidas para reforçar os protocolos de segurança após o incidente.

Um legado de horror

Apesar de sua morte trágica, Praljak deixa um legado de horror. Ele foi condenado por inúmeros crimes de guerra que incluíram assassinatos, estupros e deportações durante a Guerra da Bósnia.

Foi responsável pelo assassinato de civis muçulmanos bosníacos em diversas cidades da Bósnia e Herzegovina. As vítimas foram mortas em execuções sumárias, massacres e bombardeios.

Praljak também comandou e supervisionou estupros sistemáticos contra mulheres e meninas muçulmanas bosníacas como forma de limpeza étnica. As vítimas sofreram violência sexual brutal e muitas foram torturadas após os ataques.

Entre os terríveis atos, Praljak ordenou a deportação forçada de milhares de muçulmanos bosníacos de suas casas e comunidades, forçando-os a viver em campos de concentração em condições precárias e desumanas. Muitos morreram de fome, doenças e execuções.

Ele liderou a destruição de propriedades muçulmanas bosníacas, incluindo casas, mesquitas, escolas e monumentos históricos. O objetivo era apagar a cultura e a identidade muçulmana da região. Impôs restrições à prática da fé islâmica na Bósnia e Herzegovina, proibindo orações, fechando mesquitas e agredindo líderes religiosos muçulmanos.

Como Slobodan Praljak teve acesso a uma substância tão tóxica ao ponto de conseguir entrar com o frasco dentro do tribunal internacional de Haia parece ser um mistério que continuará sem resposta, mas seus crimes tenebrosos ficarão para sempre na História.

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