Sexsônia ou Sonambulismo Sexual: distúrbio do sono leva a comportamentos sexuais involuntários

de OTTO HESENDORFF 0

A sexsônia, também conhecida como sonambulismo sexual, é um distúrbio do sono pouco comum, porém real e de graves consequências, que leva as pessoas a exibirem comportamentos sexuais involuntários durante o sono, como conversas de teor íntimo, masturbação e relações sexuais.

Segundo o Dr. Carlos Schenck, psiquiatra e professor do Centro Médico da Universidade de Minnesota, a sexsônia é classificada como uma parassonia, uma categoria de distúrbios que inclui sonambulismo, falar durante o sono, comer dormindo e terror noturno.

Estes distúrbios ocorrem devido a ativações inesperadas no sistema nervoso central durante o estágio mais profundo do sono, o sono delta.

Um estudo que envolveu 1.000 pessoas descobriu que mais de 7% delas tiveram pelo menos um episódio de sexsônia na vida e quase 3% vivem atualmente com o distúrbio.

A dificuldade em estudar esta condição decorre do fato de que muitos não se lembram dos episódios e só se tornam cientes de suas ações ao serem informados por parceiros ou após se machucarem.

“Você está dormindo profundamente, não está consciente, mas seu corpo está ativo”, explica o Dr. Schenck, destacando o perigo de realizar atividades físicas intensas sem consciência mental.

A amnésia associada aos episódios gera confusão e desconforto entre os pacientes, muitos se sentem envergonhados e culpados após serem confrontados por parceiros ou familiares. Em alguns casos, a sexsônia pode levar a consequências legais graves, especialmente quando resulta em acusações de estupro, já que alguns utilizaram o distúrbio como defesa em processos judiciais.

“Pode haver sérias repercussões legais associadas a comportamentos sexuais não consentidos, especialmente se envolver menores ou comportamento agressivo durante o sono”, afirma o Dr. Schenck.

Ainda que a causa exata da sexsônia não seja totalmente compreendida, acredita-se que haja um componente genético significativo. Indivíduos com histórico familiar de parassonias têm maior probabilidade de desenvolver sexsônia, e o risco aumenta se mais parentes próximos sofrerem de distúrbios semelhantes.

A condição é mais frequentemente diagnosticada em homens e pode ser tratada com medicamentos como o clonazepam (conhecido no Brasil como Rivotril), além de mudanças comportamentais para reduzir estresse e ansiedade e a adoção de práticas de sono saudáveis.

Adicionalmente, o diagnóstico de sexsônia é desafiador, normalmente requerendo uma polissonografia para detectar anormalidades no sono. O uso de álcool e drogas, bem como o estresse, podem desencadear episódios, o que sugere que evitar esses gatilhos pode ajudar a gerenciar o distúrbio. Terapias psicológicas podem auxiliar os pacientes a lidar com o estigma e melhorar a comunicação com parceiros e familiares.

Em um contexto legal, a sexsônia tem sido usada como defesa em casos de agressão sexual em tribunais, levantando questões complexas sobre consentimento, responsabilidade e o limiar que separa a doença da prática de atividades criminosas. 

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Fonte(s): New York Post Imagem de Capa: Reprodução / RTVE

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