A gripe aviária pode causar a próxima pandemia em humanos, alertou o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), já que a cepa H5N1, disseminada em fazendas, continua a sofrer mutações.
Em um relatório publicado no final de semana, a agência disse em uma seção sobre a distribuição de vacinas, em caso de contágio para humanos, que os vírus da gripe aviária “têm potencial pandêmico”, afirma o jornal britânico Daily Mail.
Também na semana passada, um estudo separado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou dados genéticos mostrando que a cepa H5N1, que está dizimando fazendas leiteiras, adquiriu dezenas de novas mutações.
Essas mudanças podem tornar a cepa mais propensa a se espalhar de vacas para outros animais, incluindo humanos, e tornar o vírus resistente a medicamentos antivirais. Apesar disso, o CDC e a Organização Mundial da Saúde (OMS) insistem que o risco para a população dos EUA é baixo.
A OMS disse hoje: “No momento, com base nas informações disponíveis, a OMS avalia que o risco geral à saúde pública representado pelo H5N1 é baixo. Mas, para aqueles com exposição a aves ou animais infectados ou ambientes contaminados, o risco de infecção é considerado baixo a moderado”.
A organização prossegue seu comunicado: “Esse risco requer monitoramento rigoroso e a OMS e seus parceiros continuarão a avaliar e publicar regularmente avaliações de risco à saúde pública para a gripe aviária”.
A agência realizou um encontro virtual nesta segunda-feira (06/05), com a participação de seus especialistas em doenças infecciosas, bem como autoridades do CDC. A reunião aconteceu após pesquisadores do USDA alertarem sobre as novas mutações do H5N1.
O texto do CDC diz: “Algumas mutações do vírus foram detectadas em baixa frequência, podendo levar a mudanças na transmissão para outras espécies […] após a evolução em vacas leiteiras. A transmissão contínua do H5N1 em vacas leiteiras aumenta o risco de infecção e subsequente propagação do vírus para populações humanas”.
No artigo, publicado na BioRxiv, e ainda não revisado por outros cientistas, pesquisadores analisaram amostras nasais e de leite de dezenas de vacas infectadas, com casos confirmados entre março e abril deste ano. Foram detectadas pelo menos 491 mutações na amostra, das quais 309 estavam associadas a “mudanças funcionais” no vírus.
Isso inclui mutações que podem tornar o vírus mais patogênico, ou seja, com maior probabilidade de causar infecção, mais bem adaptado a mamíferos e mais capaz de infectar novas espécies.
Os testes também sugeriram que o surto em bovinos começou no final de 2023, cerca de quatro meses antes do primeiro registro oficial. Os pesquisadores sugeriram que o vírus saltou pela primeira vez de aves para vacas no Texas e depois se espalhou entre rebanhos do estado, atingindo também rebanhos do Kansas, Michigan, Novo México e outros.
Surtos em vários rebanhos não puderam ser ligados a outros, sugerindo que alguns rebanhos infectados ainda não tiveram o vírus detectado. Também houve casos relatados onde o vírus se espalhou de vacas para aves selvagens, aves domésticas, gatos domésticos e um guaxinim.
Os dados mostram que pelo menos 36 rebanhos em 9 estados norte-americanos foram infectados com gripe aviária, embora especialistas alertem que o número real seja provavelmente maior. Há também receios de que o vírus possa se espalhar para trabalhadores rurais. Veterinários relatam que muitas pessoas doentes nas fazendas se recusam a fazer o teste com medo de perderem seus empregos.
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Fonte(s): Daily Mail Imagem de Capa: Reprodução / The Economic Times