Influenciador mata filho recém-nascido de fome ao alimentá-lo apenas de luz solar; conheça o respiratorianismo

Maxim Lyutyi admitiu ser verdadeira as acusações de tentar nutrir seu bebê recém-nascido com prática que exclui alimentos e água, substituindo-os por energia solar. Ele também foi acusado de impedir a mãe de amamentar a criança.

de OTTO HESENDORFF 0

Em um caso chocante que ocorreu na Rússia, o influenciador digital de “estilo de vida”, Maxim Lyutyi, de 43 anos, foi condenado a mais de 8 anos de prisão por matar seu filho recém-nascido, Kosmos, de apenas um 1 mês de idade.

A causa da morte: desnutrição extrema e pneumonia, resultado de uma dieta bizarra imposta pelo pai que possuía milhares de seguidores nas redes sociais.

Lyutyi, adepto de um crudivorismo radical — ingesta apenas de alimentos crus, como o nome sugere, ou aquecidos até 40°C — e defensor de ideias anticientíficas, acreditava que o sol era suficiente para nutrir seu filho e recusava-se a alimentá-lo com qualquer coisa.

Influenciado também por crenças extremistas do respiratorianismo — crença que afirma que os seres humanos podem sobreviver sem comida e até mesmo sem água — ele desejava criar um “Super-Homem” alimentado apenas pela luz solar.

A negligência de Lyutyi teve consequências trágicas. Kosmos nasceu em casa, sem acompanhamento médico, e foi privado do leite materno por ordens do pai. Oksana Mironova, mãe do bebê, tentava amamentá-lo secretamente, mas vivia sob constante terror psicológico imposto por Lyutyi.

“Ele a obrigou a não alimentar o bebê. Oksana tentava amamentar secretamente, mas tinha muito medo de Maxim. Como é possível alimentar um bebê com luz solar? Um bebê precisa do leite da mãe”, desabafou Olesya Nikolayeva, prima da mãe do bebê durante o julgamento no tribunal.

A obsessão de Lyutyi o levou a realizar “experimentos” com o filho, submetendo-o a práticas como banhos de água fria para “endurecê-lo” e deixar seus músculos fortes. Cego por suas crenças extremistas, ele ignorou os sinais evidentes de desnutrição e fragilidade do bebê.

Quando Kosmos finalmente foi levado ao médico, já era tarde demais. O bebê, pesando apenas 1,6 kg, não resistiu à desnutrição extrema e faleceu em 8 de março de 2023.

Inicialmente, Lyutyi tentou culpar sua esposa pela morte do filho, alegando que ela sofria de deficiência de ferro e não estava com nutrientes suficientes no leite materno. No entanto, durante a audiência final antes da sentença, confessou o crime e implorou ao tribunal por uma pena reduzida, alegando que não tinha intenção de machucar o filho.

“Admito plenamente minha culpa por ter causado, por omissão e leviandade, a morte por negligência do meu tão esperado e amado primogênito”, disse Lyutyi em sua defesa.

“Também sou culpado de, pelos motivos acima expostos, justamente por leviandade e descuido, ter cumprido indevidamente minhas responsabilidades parentais. Arrependo-me disso”, suplicou ao juiz.

Apesar do arrependimento tardio, Lyutyi foi condenado a 8 anos e meio de prisão e multado em cerca de R$ 5.500. O caso serve como um alerta sobre os perigos de crenças extremistas e da negligência parental.

A tragédia de Kosmos expõe a necessidade de medidas mais rigorosas para combater a disseminação de informações falsas e crenças perigosas que colocam em risco a saúde e a segurança de crianças.

Contrariando as próprias crenças nutricionais, Lyutyi comeu normalmente carne, massas e ensopados enquanto estava detido numa prisão russa há mais de um ano desde a morte do bebê.

O que é o respiratorianismo?

O respiratorianismo, também conhecido como “viver de luz”, é uma prática controversa que alega a possibilidade de sobrevivência humana sem consumo de comida ou água, dependendo apenas da absorção de energia solar e do ar.

Diferente do jejum, que geralmente resulta em perda de peso e não é viável a longo prazo, o respiratorianismo busca sustentar o corpo indefinidamente sem alimentos tradicionais. No entanto, essa prática é considerada extremamente perigosa, pois priva o corpo dos nutrientes essenciais fornecidos pelos diversos grupos alimentares.

Sustentada principalmente por relatos pessoais e falsas crenças científicas, a viabilidade do respiratorianismo como método de sustento é limitada, com estudos sugerindo que uma pessoa só poderia manter-se assim por, no máximo, 20 dias. Além disso, há registros de várias mortes associadas a essa prática, o que levanta sérias preocupações da propagação da crença.

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Fonte(s): Metro UK Imagem de Capa: Reprodução / Metro UK / Redes Sociais

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