Como seria um assassinato no espaço? Bem diferente do que acontece na Terra

de OTTO HESENDORFF 0

Um novo experimento de “investigação criminal” usando a ciência e tudo o que conhecemos em termos forenses, aplicados ao contexto do espaço, simulações foram feitas com respingos de “sangue” em microgravidade.

Os cientistas acreditam que isso poderá auxiliar os cientistas, futuramente, a compreender melhor cenas de possíveis crimes e ajudar detetives espaciais a solucionar problemas que podem ocorrer em missões tripuladas.

A equipe de pesquisa da Universidade de Staffordshire e da Universidade de Hull se propôs a explorar os desafios únicos da análise de padrões de manchas de sangue a bordo de uma espaçonave.

Os experimentos foram conduzidos a bordo de um Boeing 727 modificado pela Zero Gravity Corporation para realizar voos parabólicos. Apelidado de “Cometa do Vômito”, a aeronave adaptada já foi usada por figuras famosas como Stephen Hawking.

Para este experimento, foi usada uma mistura de 40% de glicerina e 60% de corante alimentício para simular a densidade relativa e a viscosidade do sangue humano.

Gotas de sangue (simulado) foram então empurradas de uma seringa hidráulica em direção a um alvo durante períodos de gravidade reduzida, entre 0,00g e 0,05g. A partir dessas manchas de sangue, os pesquisadores reconstruíram o ângulo do impacto.

Experimentos com padrões de manchas de sangue foram conduzidos em gravidade reduzida. Foto: Zack Kowalske.

Zack Kowalske, um perito criminal de Atlanta, EUA, liderou o estudo como parte de sua pesquisa de doutorado na Universidade de Staffordshire: “Estudar padrões de manchas de sangue pode fornecer informações valiosas sobre a reconstrução de um crime ou acidente”, disse ele.

“No entanto, pouco se sabe sobre como o sangue líquido se comporta em um ambiente de gravidade alterada. Esta é uma área de estudo que, embora nova, tem implicações para investigações forenses no espaço”, disse.

“A ciência forense é mais do que apenas tentar resolver crimes; ela também tem um papel na reconstrução de acidentes ou análise de falhas. Com esse conceito, considere como várias disciplinas forenses poderiam ser utilizadas em um acidente crítico a bordo de uma estação espacial”, salientou.

O estudo revelou que, no espaço, o sangue tem maior probabilidade de grudar nas superfícies e as gotas de sangue têm formatos e tamanhos que não seriam vistos na Terra.

“Com a falta de influência gravitacional, a tensão superficial e a coesão das gotas de sangue são amplificadas”, disse o coautor Graham Williams, da Universidade de Hull.

“Isso significa que o sangue no espaço tem uma maior tendência a grudar nas superfícies até que uma força maior cause a sua remoção. Dentro da análise de formação de manchas de sangue, isso significa que as gotas de sangue apresentam uma taxa de espalhamento mais lenta e, portanto, possuem formas e tamanhos que não seriam observados na Terra”.

Este é o primeiro estudo relacionado ao comportamento do sangue em voo livre, e os autores afirmam que a necessidade de técnicas forenses confiáveis se tornará cada vez mais importante com a tecnologia em rápida evolução.

“Estamos em uma nova era da ciência forense; assim como a pesquisa de meados do século 19 questionava o que uma mancha de sangue significava em relação à causa”, acrescentou Kowalske.

“Estamos mais uma vez no início de novas perguntas que se relacionam com a forma como novos ambientes influenciam a ciência forense. A astroforense é uma subdisciplina nova que está em seu início. Ampliar a compreensão de todas as ciências forenses em ambientes não terrestres é vital à medida que nos expandimos como uma espécie que viaja pelo espaço. É necessária pesquisa, pesquisa que abranja todas as disciplinas”, enfatizou o cientista.

Fonte(s): Metro UK Imagem de Capa: Divulgação / NASA e Redes Sociais

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