Gripe Aviária H3N8: China admite ter detectado primeiro caso no mundo da variante em humanos

A variante H3N8 tinha sido detectada apenas em cavalos, cachorros, pássaros e focas, mas nunca em humanos. O paciente infectado é um menino de 4 anos

de Redação Jornal Ciência 0

A informação foi dada pela Comissão Nacional de Saúde da China (CNS) que anunciou à imprensa que um paciente de 4 anos de idade está infectado com a cepa H3N8, da gripe aviária.

A comissão ressaltou que esta é a primeira vez que o vírus H3N8 é encontrado em humanos, já que anteriormente ele tinha capacidade de infectar apenas animais. A criança foi infectada na cidade de Zhumadian, província de Henan, sendo hospitalizada com sintomas semelhantes aos da gripe comum.

A infecção ocorreu em 5 de abril, mas somente agora a China revelou o caso. Segundo o CNS, a confirmação que era H3N8 veio somente em 24 de abril.

A família cria galinhas em casa, onde o menino tinha contato direto com as aves domésticas e selvagens. A residência rural está localizada em região habitada por patos selvagens.

“Este vírus foi detectado em cavalos, cães e pássaros em todo o mundo, mas nunca um caso foi registrado em um humano. Isso é algo excepcional e o risco de contágio é baixo”, afirma o CNS.

Especialistas chineses dizem que a possibilidade de o vírus ser transmitido entre pessoas, é baixo. De acordo com os registros, a cepa H3N8 é conhecida pelos cientistas desde 2002, onde começou a circular entre aves aquáticas norte-americanas.

Vírus H3N8. Foto: Divulgação

As autoridades do CNS disseram que, quando foi descoberta em 2002, acreditavam que o vírus H3N8 não tinha capacidade de infectar humanos.

A China garante ter feito testes nas pessoas que entraram em contato com o menino e nenhuma das pessoas foram infectadas.

O CNS fez questão de reforçar que a infecção na criança é o único caso humano registrado na história com a cepa H3N8.

Além disso, o CNS salientou que o risco de transmissão entre humanos, ou seja, a possibilidade de a criança espalhar o vírus para outras pessoas, é baixo — embora quando o assunto é vírus, sempre existe possibilidade de mutação de adaptação.

Orientações chinesas

A China alertou, por meio do CNS, para que as pessoas fiquem longe de aves mortas, doentes e, caso tenham sintomas após contato com aves, como febre ou problemas respiratórios, procurem tratamento médico imediato.

A cepa do vírus H3N8 circula entre aves há vários anos, mas nunca foi uma preocupação para os cientistas, que consideravam baixíssimas as possibilidades de infecção das aves para humanos e, posteriormente, entre humanos.

Histórico dos vírus de gripes aviárias

H5N1 e H7N9 são cepas de vírus de aves que foram detectadas entre os anos 1979 e 2013 e foram responsáveis pela maior parte dos casos de doenças humanas devido às gripes aviárias — de acordo com o famoso CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA).

Segundo o CDC, em 2012, o vírus H3N8 (o mesmo que contaminou a criança chinesa) matou 160 focas na costa nordeste dos EUA, causando forte pneumonia nos animais.

Além da H3N8, H5N1 e H7N9, existem outras cepas circulando na China. Raramente contaminam trabalhadores que lidam diretamente com aves, especialmente em granjas e criadouros amadores.

Este é o primeiro registro de contaminação humana da H3N8, mas a China confirmou que no ano passado a primeira contaminação humana da gripe aviária H10N3 ocorreu.

O “X” da questão

O grande problema sobre a temática das aves na China é que o país tem grandes populações de aves selvagens que são criadas para consumo humano, além das enormes granjas.

Isso cria um ambiente propício para a circulação de vírus da gripe aviária que, por consequência, se misturam e geram a formação de várias mutações — que em último caso são imprevisíveis e podem sofrer adaptações e conseguirem infectar humanos.

Aqui no Jornal Ciência já abordamos o tema sobre uma possível nova pandemia derivada de vírus de frangos no futuro. A reportagem foi baseada na declaração do mundialmente famoso epidemiologista Dr. Michael Greger.

Segundo ele, as galinhas serão responsáveis por uma nova pandemia no futuro, podendo ser 100x pior do que a provocada pelo coronavírus, em estudos publicados em seu livro.

Dr. Michael Greger afirma que temos que mudar radicalmente nossa relação com a criação de aves para o consumo, antes que mais vírus de gripe aviária sofram mutações perigosas e comecem a ser transmitidos de humano para humano, se uma mutação adaptativa ocorrer.

Fonte(s): Infobae Imagens: Reprodução / ChameleonsEye / Shutterstock.com

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