O aquecimento global será 2x pior do que o previsto anteriormente, afirma a ONU

ONU alerta que, sem ações urgentes, o aquecimento global pode ultrapassar 3°C até o final do século, desencadeando eventos climáticos extremos e consequências irreversíveis para ecossistemas e sociedades

de OTTO VALVERDE 0

O planeta está a caminho de um aumento de 3,1°C na temperatura até o final deste século, o que a ONU descreve como “catastrófico”. Esse cenário foi apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em seu relatório anual.

O documento destaca a necessidade de reduções urgentes nas emissões de gases de efeito estufa para tentar limitar o aquecimento global a 1,5°C. Sem uma mobilização global de escala e velocidade sem precedentes, alcançar essa meta pode se tornar impossível.

O relatório prevê que, de acordo com as políticas e promessas atuais, o planeta pode enfrentar um aumento entre 2,6°C e 3,1°C. Isso dependerá do cumprimento dos compromissos climáticos por parte dos países, que serão discutidos no próximo encontro da ONU, a COP29, em Baku, Azerbaijão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que o mundo está “no fio da navalha” e precisa de ação imediata: “Ou os líderes fecham o déficit de emissões, ou mergulhamos em um desastre climático – com os mais pobres e vulneráveis sofrendo as piores consequências”.

Nas negociações climáticas de Paris, em 2015, os países concordaram em limitar o aumento de temperatura a, no máximo, 2°C acima dos níveis pré-industriais, tentando mantê-lo em 1,5°C. O limite de 1,5°C é visto como crucial para evitar os piores impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor, secas, inundações, o colapso de ecossistemas e a elevação dos níveis do mar.

Ações Climáticas

Para cumprir essas metas, os países criaram planos de ação nacionais, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com medidas para reduzir emissões até 2030, como limitar a queima de combustíveis fósseis e restaurar florestas para capturar carbono. Contudo, o PNUMA alerta que, enquanto os países preparam a próxima rodada de planos para 2035, a meta de evitar um aquecimento perigoso parece cada vez mais fora de alcance.

Participação dos Maiores Poluidores

O relatório aponta que os gases de efeito estufa continuam subindo 1,3% a mais em 2023 do que em 2022, um aumento mais rápido que a média da última década. O grupo das 20 maiores economias (G20) é responsável por mais de 77% dessas emissões.

Ainda que os países cumpram as metas estabelecidas até 2030, as temperaturas podem subir entre 2,6°C e 2,8°C, com impactos globais severos. Segundo Guterres, “as políticas atuais nos colocam em direção a um aumento catastrófico de 3,1°C até o final do século”.

Vamos agir?

Guterres convocou os governos a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, substituindo combustíveis fósseis por fontes renováveis, combatendo o desmatamento e estabelecendo metas financeiras na COP29 para ajudar países em desenvolvimento a enfrentarem as mudanças climáticas.

Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, destacou que “a crise climática é agora” e que a mobilização precisa começar “antes da próxima rodada de compromissos climáticos”. Ela ressaltou ainda que, mesmo se o mundo ultrapassar o limite de 1,5°C algo cada vez mais provável ainda precisamos trabalhar por um mundo sustentável.

“Cada fração de grau que evitamos conta em termos de vidas salvas, economias protegidas, danos evitados, biodiversidade preservada e capacidade de reduzir qualquer excesso de temperatura”, concluiu.

Para atingir a meta de 1,5°C, o PNUMA estima que as nações precisam reduzir 42% das emissões anuais até 2030 e 57% até 2035. É tecnicamente possível alcançar esses números com uma forte expansão das energias renováveis, mais eficiência energética, menos combustíveis fósseis e a proteção de habitats naturais, como florestas e manguezais. No entanto, o PNUMA ressalta que esse esforço global deve começar imediatamente, liderado pelo G20.

©Todos os direitos reservados. Proibida a cópia e reprodução sem autorização da PLUG Network. Fonte(s): Daily Mail Capa: Reprodução / News Decoder / University of Cambridge

Jornal Ciência