Em um relatório climático anual publicado na última terça-feira (08/10) na revista BioScience, uma equipe internacional de cientistas alerta que a humanidade está “à beira de um desastre climático irreversível”, à medida que falhamos em frear os piores impactos ambientais.
Atualmente, dos 35 sinais vitais planetários monitorados anualmente pelos cientistas, 25 estão nos piores níveis já registrados, segundo o estudo.
Se essas mudanças continuarem sem resposta, as consequências serão profundamente desestabilizadoras para a vida humana e não humana, com o colapso da sociedade surgindo como uma possibilidade real.
O relatório destaca que os principais responsáveis por essa crise climática são as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, como o metano, gerados pela ação humana.
Cerca de 90% dessas emissões vêm da queima de combustíveis fósseis, enquanto o restante é causado por formas devastadoras de destruição ambiental, principalmente o desmatamento.
“Estamos enfrentando uma emergência global inegável. Estamos entrando em uma fase crítica e imprevisível da crise climática”, escreveram os autores no relatório.
Números em Alta
Muitos desses sinais vitais estão se tornando cada vez mais sombrios. De acordo com o estudo, a temperatura da superfície dos oceanos atingiu níveis recordes, assim como sua acidez.
O nível médio do mar global também está no ponto mais alto já registrado. E em julho, ocorreram três dos dias mais quentes da história.
As emissões de combustíveis fósseis nunca foram tão altas, com um aumento de 1,5% em 2023 em relação ao ano anterior. Nos próximos anos, podemos esperar um aumento nos eventos climáticos extremos, alertam os cientistas.
Enquanto isso, a população humana está crescendo a uma taxa de cerca de 200 mil pessoas por dia, segundo o estudo. Da mesma forma, o número de bois, ovelhas e cabras — que contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, além de demandar grandes áreas desmatadas para pastagem.
Mesmo com os compromissos atuais para reduzir as emissões, o planeta ainda está caminhando para um aumento de cerca de 2,7 °C na temperatura global até 2100 — o que está muito acima do que era esperado.
“Já estamos no meio de uma rápida mudança climática, que ameaça a vida na Terra como nada que a humanidade já tenha testemunhado”, disse William Ripple, professor de ecologia da Universidade Estadual do Oregon e líder do relatório, ao jornal The Guardian.
“A exploração excessiva dos recursos da Terra nos levou a condições climáticas mais perigosas do que qualquer outra já enfrentada até mesmo por nossos ancestrais pré-históricos”, salientou.
O Fim da Sociedade?
Um dos presságios mais sombrios do relatório é que os cientistas estão começando a lidar cada vez mais com a possibilidade de um colapso social. O número de artigos científicos publicados sobre esse tema em relação às mudanças climáticas nunca foi tão alto.
Mesmo que um colapso global seja evitado, os autores alertam que as mudanças climáticas podem deslocar dezenas de milhões — ou até bilhões — de pessoas, muito mais do que já vimos até agora.
“Até o fim do século, cerca de um terço da população mundial poderá viver fora da zona climática ideal para os seres humanos, enfrentando maior risco de doenças, morte prematura, fome e uma série de outros resultados adversos”, escreveram.
Os autores concluem com um aviso contundente: simplesmente não estamos fazendo o suficiente.
“Estamos caminhando na direção errada, e nosso crescente consumo de combustíveis fósseis e o aumento das emissões de gases de efeito estufa estão nos levando a uma catástrofe climática”, afirma o relatório científico.
Fonte(s): Futurism Capa: Reprodução / Redes Sociais