Se você tem mais de 30 anos de idade, certamente já ouviu falar muito sobre o famoso buraco na camada de ozônio, amplamente divulgado nas escolas décadas atrás, motivo de grande preocupação dos cientistas e diversas dúvidas sobre o tema.
Agora, a ONU informou nesta semana que a camada de ozônio poderá estar totalmente recuperada nas próximas décadas, à medida que gases que causam a destruição do ozônio estão sendo eliminados, de forma gradual, em todo o mundo.
Se todos os acordos internacionais assinados continuarem sendo cumpridos, até 2040 a maior parte do buraco terá desaparecido de quase todas as partes do planeta.
A ONU diz ainda que as perspectivas para a recuperação dos buracos de ozônio localizados nas áreas polares, devem levar um pouco mais de tempo: até 2045 no Ártico e 2066 na Antártica.
Este avanço histórico só foi possível pela diminuição global de 99% do uso dos gases clorofluorcarbonos (CFCs) desde o acordo mundial do Protocolo de Montreal de 1989.
A história do buraco na camada de ozônio
Em maio de 1985, pesquisadores internacionais descobriram um buraco nesta camada da atmosfera, formada pelo gás ozônio (O3), especialmente acima da Antártica
Cientistas norte-americanos já haviam observado a “anomalia” atmosférica na década de 70, mas imaginaram ser erro nos satélites. As análises foram então validades pela British Antartic Survey, liderado pelo Dr. Joe Farman.
Como a camada de ozônio funciona como um “filtro” dos raios ultravioletas, ajuda a proteger toda a vida terrestre de complicações da exposição excessiva. Para nós, é vital para diminuir casos de câncer de pele.
O que mais preocupava os cientistas era o fato de que, sem a camada de ozônio, o planeta seria completamente exposto aos raios solares, agravando o efeito estufa que já estava sendo monitorado, gerado pela queima de combustíveis fósseis.
A possibilidade de um aquecimento global ainda mais intenso do que o esperado, acendeu o alerta em cientistas de todo o mundo que precisavam descobrir o que causava o buraco — até então, um mistério.
Mas, após pesquisas, constatou-se que o ozônio estava sendo destruído, pelo uso massivo dos gases da classe dos clorofluorcarbonos (CFCs) — usados à época em produtos diversos, de motores de geladeira a quase todos os produtos em spray, incluindo antitranspirantes.
Apesar da descoberta em 1985, os governantes internacionais levaram 2 anos para tomar uma atitude. O buraco poderia tomar proporções irreversíveis e era necessário agir — apesar de parecer exagero, se perdêssemos essa camada atmosférica, animais silvestres, plantas e os próprios seres humanos poderiam ser extintos.
Foi então que em 1987, o Protocolo de Montreal foi assinado por 46 países, proibindo o uso de quase 100 substâncias químicas sintéticas, estipulando meta de cortar 50% na produção e no consumo dos 5 principais gases CFCs até 1999.
Muitos países acharam as medidas exageradas e extremistas, visto que vários pesquisadores tinham dúvidas se realmente a destruição era causada pelos gases CFCs.
Então, um relatório em 1988 forneceu evidências científicas consistentes e irrefutáveis da ligação entre os gases CFCs e a destruição da camada de ozônio. Os países que assinaram o Protocolo de Montreal sofreram fortes pressões internas por parte dos fabricantes para não adotarem as medidas assinadas.
As tentativas de oposição contra os gases CFCs perderam força e as indústrias, que não queriam “manchar” a imagem de seus produtos perante os consumidores, investiram em alternativas de gases que não destruíssem o ozônio.
Em comemoração pela assinatura e colaboração internacional, a ONU declarou 16 de setembro Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, pelos esforços dos países que assinaram o acordo.
Não apenas o ozônio importa
Para salvar o planeta, diversas medidas foram adotadas após o Protocolo de Montreal. Em 2016, foi adicionado ao protocolo a chamada Emenda de Kigali, que exigia que os países diminuíssem a produção e consumo de hidrofluorcarbonetos (HFCs).
Mesmo não estando diretamente relacionado com a destruição da camada de ozônio, hidrofluorcarbonetos encontrados em equipamentos de ar-condicionado e refrigeradores são gases de efeito estufa com extremo poder de acúmulo na atmosfera, aumentando o aquecimento global.
A ONU estima que o acréscimo da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal evitará, até o fim deste século, o aumento de até 0,5ºC no aquecimento médio do planeta.
Fonte(s): PROZONESP / ONU Imagem de Capa: Reprodução / NASA