Homem amputa o próprio pênis em vários pedaços após tomar “cogumelos mágicos” e entrar em psicose

de OTTO VALVERDE 0

Um homem em férias na Áustria que tomou “cogumelos mágicos” entrou em psicose que o levou a amputar seu pênis e guardá-lo em um pote, de acordo com publicação médica austríaca na Mega Journal of Surgery.

Em reportagem no britânico Daily Mail, os médicos dizem que este é o primeiro caso do tipo documentado após consumo de “cogumelos mágicos”, mas é um importante lembrete sobre possíveis consequências que drogas psicodélicas podem apresentar, embora sejam eventos raros.

O homem de 37 anos (que teve sua identidade preservada) comeu entre 4 a 5 cogumelos horas antes de pegar uma faca para cortar o pênis em vários pedaços. Quando voltou a si, saiu cambaleando da casa e se arrastou por uma rua próxima em busca de ajuda.

Levado ao hospital mais próximo, foi imediatamente levado para a sala de cirurgia, onde os médicos controlaram o sangramento e desinfetaram os inúmeros pedaços do pênis que estava guardado em um frasco cheio de neve e terra.

Depois de limpar o ferimento, os médicos recolocaram o pênis, mesmo o órgão tendo ficado cerca de 9 horas sem fluxo sanguíneo. Algumas partes danificadas tiveram que ser removidas e não puderam ser reconectadas, mas a glande (cabeça do pênis) estava intacta.

Parte da pele na ponta do pênis recém-reconstruído começou a morrer cerca de uma semana depois, uma condição chamada necrose devido à falta de fluxo sanguíneo oxigenado no local, mas os médicos conseguiram tratá-la e reverter o dano.

Apesar do tamanho drasticamente reduzido de seu pênis (nem todos os fragmentos cortados puderam ser recuperados), sua função erétil voltou e ele conseguiu urinar sozinho.

Os médicos disseram: “Até onde sabemos, esse é o primeiro relato de amputação peniana induzida por psilocibina com posterior reimplante macroscópico”.

A principal preocupação dos especialistas, quando se trata de psicodélicos, é o risco de desencadear um episódio psicótico. O paciente tinha histórico de depressão e abuso de substâncias antes de comer os cogumelos.

Estima-se que a dose tomada seja equivalente a 50 mg de psilocibina, o princípio ativo que dá aos “cogumelos mágicos” o efeito alucinógeno.

Cerca de 35 mg causarão grandes distorções de percepção e cognitivas. Uma dose de 50 mg, conhecida na comunidade psicodélica como “dose heróica, pode “separar a mente do corpo” e causa delírios e alucinações avassaladores.

A psilocibina é ilegal nos EUA, mas o FDA a aprovou em 2018 como uma “terapia inovadora”, reservada para tratamentos de condições graves que podem ser mais eficazes do que as existentes.

Como nas últimas décadas houve poucas inovações nos tratamentos de depressão e transtornos de humor, a aprovação foi recebida com entusiasmo por médicos e pacientes. Isso permite que os órgãos reguladores acelerem a análise clínica.

Mas surgiram vários estudos de casos de pessoas que entraram em psicose associada ao uso de psicodélicos. O jornal Daily Mail cita o caso de outra paciente, de 32 anos, com histórico de ansiedade e depressão, que estava controlando os sintomas com medicamentos. Mas, amigos a incentivaram tomar psilocibina, e ela teve uma experiência positiva.

Ela voltou a tomar cogumelos no dia seguinte, o que provocou mania prolongada, paranoia e insônia por 3 meses. Depois que os sintomas maníacos e psicóticos se resolveram, ela entrou em uma fase depressiva grave, caracterizada por total entorpecimento emocional, incapacidade de se conectar com seu cão e perda de interesse nas atividades diárias.

Apesar dos extensos exames médicos e de vários tratamentos, nenhuma tentativa médica funcionou. A última opção foi a administração de uma medicação que imita a ação da dopamina no cérebro. Ao aumentar gradualmente a dose, a psicose se dissipou e ela conseguiu recuperar sua vida.

Psicoativos

Atualmente existe uma forte pressão de diversas comunidades para que os psicoativos dos cogumelos sejam liberados para pessoas que convivem com depressão intratável — que não responde aos tratamentos convencionais conhecidos.

Mas, existe grande resistência das agências reguladoras em aceitar tratamentos com alucinógenos. Recentemente, a empresa farmacêutica Lykos Therapeutics sofreu um duro golpe quando o FDA rejeitou uma tentativa de aprovação de uma versão do MDMA (análogo da anfetamina com efeitos estimulantes e alucinógenos) para tratar Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT).

À época, o FDA (de acordo com o Daily Mail), disse que os testes apresentados eram altamente falhos; todos os que receberam a droga sabiam que haviam recebido, com base nos efeitos que experimentaram, e os que receberam placebo sabiam que não haviam recebido a droga — algo completamente fora do padrão científico de pesquisa.

Além disso, a empresa teria ignorado problemas graves, inclusive relatos de alguns pacientes de que seus sintomas realmente pioraram, o que tornou os resultados do estudo não confiáveis.

Estudos mais recentes sugerem que psicodélicos, como os cogumelos mágicos, podem ajudar no tratamento da depressão e de outros problemas de saúde mental, mostrando que a psilocibina pode alterar o cérebro de forma benéfica, levando à reversão duradoura de casos depressivos, ansiosos e até mesmo dores de cabeça.

“Os dados são fortes para combate desde depressão até TEPT e cefaleia em salvas, que é uma das condições mais dolorosas que conheço. Estou animado com o futuro dos psicodélicos por causa do perfil de segurança relativamente bom e porque esses agentes agora podem ser estudados em rigorosos ensaios clínicos duplo-cegos (ensaio clínico onde nem os voluntários nem os pesquisadores sabem o que está sendo ingerido)”, disse o neurologista Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro da Florida Atlantic University, em entrevista à CNN.

O farmacologista Brian Roth, professor de psiquiatria e farmacologia da Universidade da Carolina do Norte, disse que os psicodélicos como a psilocibina pode apresentar mudanças nas conexões dos neurônios dentro de 30 minutos, em estudos controlados em laboratório, algo animador.

“Quando alguém consome psilocibina, vemos um aumento geral na conectividade entre áreas do cérebro que normalmente não se comunicam bem. Você também vê o oposto disso — redes locais no cérebro que normalmente interagem umas com as outras de repente se comunicam menos”, disse Matthew Johnson, professor de psicodélicos e consciência da Johns Hopkins Medicine à CNN.

A psilocibina cria um “cérebro muito, muito desorganizado”, quebrando os limites normais entre as seções auditiva, visual, executiva e do senso de si da mente criando assim um estado de “consciência alterada”, afirmou David Nutt, diretor da Unidade de Neuropsicofarmacologia da Divisão de Ciências do Cérebro do Imperial College London.

“As pessoas deprimidas são continuamente autocríticas e continuam ruminando, repetindo e repetindo os mesmos pensamentos negativos, ansiosos ou de medo. Os psicodélicos interrompem isso, e é por isso que as pessoas podem ver de repente uma saída para a depressão durante o consumo da substância. Os pensamentos críticos são mais fáceis de controlar e o pensamento é mais flexível. É por isso que a droga é um tratamento eficaz para a depressão”, disse David Nutt. Conteúdo sensível: Fotos reais da cirurgia podem ser visualizadas no estudo, clicando aqui.

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