Oceanos estão perto do limite de acidez e podem não conseguir sustentar a vida nos próximos anos, alertam cientistas

de OTTO VALVERDE 0

Nossos oceanos estão se tornando ácidos demais, a ponto de não serem capazes de ajudar a manter os ecossistemas marinhos e o clima, de acordo com novo relatório científico.

Nove importantes limites planetários foram mencionados no relatório do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK), que são fundamentais para que o planeta suporte e sustente a vida.

Devido à atividade humana, os limites foram ultrapassados em 6 dessas áreas, e estamos próximos de chegar a 7ª a acidificação dos oceanos se aproximando de um “limite crítico”, especialmente em regiões de latitude mais alta.

Os que estão na categoria de alto risco incluem as mudanças climáticas, a mudança na integridade da biosfera e a modificação dos fluxos biogeoquímicos.

Sem dúvida, o limite de acidificação dos oceanos está prestes a ser ultrapassado devido ao aumento contínuo das emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás.

“À medida que as emissões de CO2 aumentam, mais CO2 se dissolve na água do mar, tornando os oceanos mais ácidos”, explicou Boris Sakschewski, um dos principais autores do relatório científico, de acordo com a AFP.

“Mesmo com cortes rápidos nas emissões, algum nível de acidificação contínua pode ser inevitável devido ao CO2 já emitido e ao tempo que o sistema oceânico leva para responder.”

Ele acrescentou: “Portanto, o rompimento do limite de acidificação dos oceanos parece inevitável nos próximos anos”.

Levke Caesar, físico climático do PIK e coautor do relatório, também compartilhou preocupações semelhantes, de acordo com reportagem do prestigiado jornal inglês The Guardian.

Falando sobre estudos recentes, ele disse que os dados sugerem que “mesmo as condições atuais já podem ser problemáticas para uma variedade de organismos marinhos, sugerindo a necessidade de reavaliar quais níveis podem ser considerados seguros”.

Quais as consequências quando os oceanos se tornam ácido demais?

Se os oceanos estiverem muito ácidos, isso pode danificar o ecossistema marinho, inclusive os recifes de coral, os moluscos e o fitoplâncton, que servem de alimento para muitas espécies, e teria um efeito indireto sobre o suprimento de alimentos para os seres humanos — um processo catastrófico em cadeia.

Os oceanos também absorvem 25% de todas as emissões de dióxido de carbono e capturam 90% do excesso de calor gerado por essas emissões, de acordo com as Nações Unidas. Mas, se estiverem muito ácidos, não conseguirão fazer esse trabalho com a mesma eficiência.

“Isso ilustra a conexão entre a acidificação dos oceanos (…) e a integridade da biosfera”, acrescentou Caesar e observou que a mensagem principal do relatório é demonstrar como todos os 9 limites planetários estão altamente interconectados.

Enquanto isso, dos 9 limites planetários que não podemos ultrapassar, apenas 1 está bem, que é a camada de ozônio que protege a Terra na atmosfera. Apesar de já ter sofrido danos devido a produtos químicos fabricados, a proibição de vários desses produtos químicos em 1987 permitiu que a camada se recuperasse.

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