NASA paralisa leilão de poeira lunar e exige que amostras sejam devolvidas

de Redação Jornal Ciência 0

A NASA solicitou a devolução segura de amostras de poeira lunar e algumas baratas que estavam programadas para serem vendidas em um leilão privado.

No início deste mês, a agência espacial entrou em contato com a RR Auction, uma casa de leilões com sede em Boston, para impedir a venda de poeira lunar coletada pelos astronautas durante a missão Apollo 11 de 1969.

Pouco depois que a poeira lunar foi trazida de volta à Terra em 1969, a NASA enviou algumas amostras para um pesquisador da Universidade de Minnesota, que experimentou alimentar baratas com poeira lunar “para determinar se a rocha lunar continha algum tipo de patógeno que representasse um ameaça à vida terrestre”, relatou o Washington Post.

Em uma carta, um advogado da NASA afirmou que as amostras — que incluíam um frasco de aproximadamente 40 miligramas de poeira da Lua, restos de três baratas e dezenas de lâminas de microscópio — ainda pertencem ao governo federal dos EUA.

O lote de mercadorias, que a casa de leilões anunciou como “uma raridade única da Apollo”, deveria chegar a impressionantes 400.000 dólares em leilão.

A carta observou que “todas as amostras da Apollo, conforme estipulado nesta coleção de itens, pertencem à NASA e nenhuma pessoa, universidade ou outra entidade recebeu permissão para mantê-las após análise, destruição ou outro uso para qualquer finalidade, especialmente para venda ou exposição individual”.

A NASA solicitou ainda que a RR Auction deixasse imediatamente de aceitar ofertas para o lote e que não facilitasse mais a venda de todos e quaisquer itens que contenham experimentos da Apollo 11.

O frasco de poeira lunar no lote do leilão é apenas uma fração do que os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin coletaram durante o pouso na Lua: aproximadamente 21,3 kg de rocha lunar.

Desse total, cerca de 2 kg foram para cientistas da Universidade de Minnesota em um laboratório de recepção lunar que tinha como objetivo expor à poeira insetos, animais de vida aquática e micróbios, para analisar possíveis danos.

“Alguns animais foram inoculados com poeira, alguns receberam porções misturadas com comida ou água, e outros andaram ou rastejaram pela poeira espalhada no fundo de seus recipientes”, segundo um artigo publicado em 1970 na revista Minnesota Science.

A amostra de poeira oferecida no leilão estava originalmente sob os cuidados de Marion Brooks, uma entomologista da universidade que a usou para alimentar baratas.

Um recorte de jornal datado de 6 de outubro de 1969 descrevendo o trabalho de Marion Brooks.

De acordo com um artigo publicado em 6 de outubro de 1969, no jornal Minneapolis Tribune, Marion Brooks alimentou as baratas com uma “dieta contendo metade de comida regular misturada com igual quantidade de solo da lunar”. O artigo da Minnesota Science relatou que nenhum dos animais nos experimentos “sofreu qualquer dano pela poeira lunar”.

A NASA quer, inclusive, as baratas que foram forçadas a comer poeira lunar

No entanto, em vez de devolver as amostras à NASA após a conclusão de sua pesquisa, Brooks as exibiu em sua casa, e sua filha as vendeu vários anos após a morte de sua mãe em 2007.

O advogado da RR Auction não disse se irá devolver as amostras, mas informou que está trabalhando junto com a NASA em relação ao pedido feito pela agência espacial.

Fonte(s): Science Alert Imagens: Reprodução / RR Auction

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