Em um momento em que o risco de conflito nuclear cresce devido às tensões no Oriente Médio, a invasão da Ucrânia pela Rússia e as ameaças da China a Taiwan, cientistas começam a calcular um cenário sombrio sobre como a humanidade poderia se alimentar.
Milhões poderiam morrer imediatamente com o lançamento de poucas bombas nucleares, e outras dezenas de milhões estariam sofrendo complicações devido à radiação.
Cientistas alertam para a possibilidade de um inverno nuclear, onde a Terra ficaria encoberta por fuligem, com temperaturas globais caindo aproximadamente 10 graus Celsius. Este fenômeno poderia devastar a produção de alimentos, diminuindo-a em até 90%.
A radiação nuclear causará danos ambientais significativos. A nuvem de fuligem e poeira, similar àquela do impacto do meteoro que extinguiu os dinossauros, obscureceria o céu, impedindo as plantas de fazerem fotossíntese.
Porém, mesmo com a diminuição da luz solar, a quantidade que alcançaria a superfície seria suficiente para o crescimento das algas em fazendas marinhas. Além disso, espera-se que os oceanos permaneçam relativamente mais quentes do que as terras agrícolas ao redor do planeta.
Uma equipe internacional de cientistas oferece uma esperança. O Dr. Florian Ulrich Jehn, entrevistado pelo Daily Mail, esclarece que, cultivando algas marinhas em apenas uma fração da superfície oceânica, seria possível sustentar até 1,2 bilhão de pessoas.
Este cultivo exigiria cerca de 416.000 km² de oceano, uma área pequena, mas que poderia produzir 33,6 toneladas de algas marinhas secas, por ano.
Algas marinhas no mundo pós-conflito
De acordo com estudos publicados na revista Earth’s Future, dentro de aproximadamente 14 meses após o início de uma guerra nuclear, as algas vermelhas da espécie Gracilaria tikvahiae poderiam atender as necessidades globais por materiais orgânicos.
Em tal cenário, as algas são um possível pilar para a sobrevivência humana, sendo a alimentação ideal para tempos de catástrofe. Isso inclui o uso como ração animal e biocombustíveis.
Os pesquisadores sugerem que as algas marinhas representariam 15% da dieta humana, 10% da alimentação animal e 50% da produção de biocombustíveis. As algas são ricas em nutrientes essenciais como carboidratos, proteínas, gorduras saudáveis, magnésio, zinco, vitamina B12, iodo e ácidos graxos.
No entanto, o alto teor de iodo requer que sejam complementadas por outros alimentos, como fungos (cogumelos), adaptando-se à nova realidade onde supermercados não existirão mais.
Riscos atuais de guerra nuclear
Desde o fim da Guerra Fria, a ameaça de uma guerra nuclear global havia diminuído. Porém, conflitos recentes, como entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Palestina, reacenderam essa possibilidade. O Relógio do Juízo Final, uma metáfora para os desafios iminentes da humanidade, indica que estamos a apenas 90 segundos do “fim do mundo”.
David Denkenberger, professor na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, enfatiza a necessidade de antecipar esses cenários. Ele sugere que investir na construção de fazendas de algas marinhas pode prevenir uma crise alimentar generalizada em situações de redução drástica da luz solar, evitando bilhões de mortes pela fome.
Fonte(s): Daily Mail / Live Science / Earths Future Imagem de Capa: Reprodução / Pixabay / Biodiversity4all