Desde que Vladimir Putin ordenou que tropas russas invadissem a Ucrânia em 24 de fevereiro, o mundo inteiro está em alerta com a possibilidade de que o conflito aprofunde tensões entre Rússia e o Ocidente.
Isso, nas últimas consequências, poderia ser o gatilho do início de uma Terceira Guerra Mundial entre potências que possuem enormes quantidades de bombas atômicas, o que é preocupante.
Há poucos dias, Putin colocou as forças de dissuasão nuclear em alerta máximo. Analistas em guerra, de acordo com o jornal britânico The Independent, sugerem que essas ameaças e demonstrações de força são para alertar aos aliados da Ucrânia para não intervir.
Putin, mais uma vez, emitiu tais advertências na última quarta-feira (27/04) em São Petersburgo, quando falou aos parlamentares: “Se alguém de fora tentar intervir na Ucrânia e criar ameaças estratégicas contra a Rússia, nossa resposta será rápida como um relâmpago”.
O presidente russo foi ainda mais enfático ao ressaltar o poder balístico, relembrando indiretamente as bombas e mísseis de alta tecnologia que outros países não possuem, nem mesmo os EUA. “Temos todas as ferramentas, para responder, das quais ninguém pode se gabar. E não vamos nos gabar delas, vamos usá-las se necessário”, disse.
Se o conflito sair de controle e algum ataque atingir o solo do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), que é um dos maiores protagonistas no apoio aos ucranianos, os protocolos da realeza entrarão em ação.
A rainha Elizabeth II — que tem muitos discursos meticulosamente planejados para grandes eventos — já tem pronto o discurso para todos os cidadãos britânicos caso necessitem enfrentar um ataque nuclear ou a Terceira Guerra Mundial.
O discurso da rainha
O discurso foi escrito originalmente em 1983, durante o auge da Guerra Fria, e foi tornado público em 2013 pelo próprio governo sob a chamada Regra de 30 anos. Certos aspectos do discurso agora estão desatualizados, mas continua sendo um texto presciente e sóbrio — estilo que a rainha demonstrou em toda sua vida. Escrito como se a rainha estivesse transmitindo a mensagem ao meio-dia de sexta-feira, 4 de março de 1983.
Ela começa refletindo sobre as alegrias do Natal antes de compartilhar pessoalmente a tristeza que sentiu quando a Segunda Guerra Mundial foi anunciada. Abaixo, você pode ler o discurso, que foi publicado pela BBC em 2013:
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Nunca esqueci a tristeza e o orgulho que senti quando minha irmã e eu nos amontoamos ao redor do aparelho de rádio do berçário ouvindo as palavras inspiradoras de meu pai [George VI] naquele dia fatídico de 1939 [no início da Segunda Guerra Mundial]. Nem por um momento imaginei que esse dever solene e terrível um dia cairia sobre mim. Mas quaisquer que sejam os terrores que nos espreitam, as qualidades que ajudaram a manter nossa liberdade intacta, duas vezes já, durante este triste século, serão mais uma vez nossa força.
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A Rainha acrescenta que agora o terror vem da tecnologia em vez de soldados ou aviadores. O discurso, apesar de escrito em 1983, caberia perfeitamente ao momento atual, se necessário.
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Todos sabemos que os perigos que enfrentamos hoje são muito maiores do que em qualquer outro momento de nossa longa história. O inimigo não é o soldado com seu rifle, nem mesmo o aviador rondando os céus acima de nossas cidades e vilas, mas o poder mortal do abuso da tecnologia.
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Sua Alteza Real, Elizabeth II, continua seu discurso enfatizando a importância da família em tempos tão conturbados antes de concluir sua fala.
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Minha mensagem para você, portanto, é simples. Ajude aqueles que não podem se ajudar, dê conforto aos solitários e aos sem-teto e deixe sua família se tornar o foco de esperança e vida para aqueles que precisam. Enquanto lutamos juntos para combater o novo mal, oremos por nosso país e homens de boa vontade onde quer que estejam. Deus abençoe todos vocês.
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Quando o discurso foi concebido, fazia parte do exercício de jogo de guerra que previa como o Reino Unido responderia a um potencial ataque nuclear da União Soviética. As falas acima são os fragmentos mais impactantes do discurso. Caso queira lê-lo por completo, o disponibilizamos, abaixo.
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Quando falei com vocês há menos de três meses, estávamos todos desfrutando do calor e do companheirismo de um Natal em família. Nossos pensamentos se concentraram nos fortes vínculos que unem cada geração às que vieram antes e às que virão. Os horrores da guerra não poderiam parecer mais remotos quando minha família e eu compartilhamos nossa alegria de Natal com a crescente família da Commonwealth.
Agora, esta loucura da guerra está mais uma vez se espalhando pelo mundo e nosso bravo país deve novamente se preparar para sobreviver contra grandes probabilidades. Nunca esqueci a tristeza e o orgulho que senti quando minha irmã e eu nos amontoamos ao redor do rádio do berçário ouvindo as palavras inspiradoras de meu pai naquele dia fatídico de 1939. Nem por um momento imaginei que esse dever solene e terrível fosse um dia cair para mim.
Todos sabemos que os perigos que enfrentamos hoje são muito maiores do que em qualquer outro momento de nossa longa história. O inimigo não é o soldado com seu rifle nem mesmo o aviador rondando os céus acima de nossas cidades e vilas, mas o poder mortal do abuso da tecnologia. Mas quaisquer que sejam os terrores que nos espreitam, todas as qualidades que ajudaram a manter nossa liberdade intacta duas vezes, durante este triste século, serão mais uma vez nossa força.
Meu marido e eu compartilhamos com as famílias de todo o país o medo que sentimos por filhos e filhas, maridos e irmãos que deixaram nosso lado para servir seu país. Meu amado filho Andrew está neste momento em ação com sua unidade e oramos continuamente por sua segurança e pela segurança de todos os militares em casa e no exterior.
É esse vínculo estreito da vida familiar que deve ser nossa maior defesa contra o desconhecido. Se as famílias permanecerem unidas e resolutas, dando abrigo aos que vivem sozinhos e desprotegidos, a vontade de sobrevivência do nosso país não pode ser quebrada.
Minha mensagem para você, portanto, é simples. Ajude aqueles que não podem se ajudar, dê conforto aos solitários e aos sem-teto e deixe sua família se tornar o foco de esperança e vida para aqueles que precisam. Enquanto lutamos juntos para combater o novo mal, vamos orar por nosso país e homens de boa vontade onde quer que estejam. Deus abençoe todos vocês.
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Fonte(s): The Independent / BBC UK Imagens: Reprodução / Express / Gizmodo