Garoto que desenvolveu narcolepsia após tomar vacina para a gripe H1N1 é indenizado

de Bruno Rizzato 0

Um menino da Inglaterra, hoje com 10 anos, dormia cerca de 19 horas por dia após a vacina da gripe suína que ele tomou causar-lhe narcolepsia. Agora, ele ganhou na justiça uma indenização de £ 120.000 (cerca de R$ 686.000), após seis anos de batalha. Josh Hadfield, de Frome, Somerset, desenvolveu a condição debilitante apenas três semanas após receber a vacina Pandemrix, em 2010.

Como resultado da aplicação, ele adormecia a cada cinco minutos, aproximadamente. Até mesmo realizando atividades ele caía no sono de repente, e sofria convulsões quando ria ou chorava. Agora, foi descoberto que a vacina está associada com um aumento de 14 vezes no risco de uma criança desenvolver a condição.

Inicialmente, o governo se recusou a indenizar a família pelos danos causados ​​pela vacina, porque ele não foi considerado “gravemente incapacitado” o bastante. Mas sua mãe, Caroline, de 45 anos, lutou com determinação, criando até mesmo uma campanha e, finalmente, recebeu o valor de £120.000 pelos danos. Ela disse que ganhar esta indenização foi um grande alívio. “Vai ajudar a proteger o futuro de Josh. É uma vergonha saber que tivemos de passar por tantos obstáculos para chegar até aqui”, acrescentou.

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Famílias têm direito à indenização por danos causados ​​por alguma vacina, desde que possam provar uma deficiência “severa”. Caroline disse que seu filho estava sofrendo e precisava dormir até mesmo durante as aulas. “Josh teve que se esforçar muito, pois ele perde aulas devido ao sono e às consultas médicas constantes”, relatou ela, acrescentando que ele também ganhou muito peso por conta da condição e da medicação.

Josh recebeu a vacina no dia 21 de janeiro de 2010, após sua mãe saber que ele estava “em risco” de contrair o vírus H1N1, por ele ter menos de cinco anos. A vacina, conhecida como Pandemrix, foi feita pela empresa GlaxoSmithKline. Dentro de semanas, ela notou uma mudança drástica em seu filho, que contraiu narcolepsia. Atualmente, ele também sofre de cataplexia, que afeta o controle muscular. Ele nunca apresentara sintomas da doença antes de ser vacinado.

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Pandemrix foi mais amplamente utilizada no Reino Unido durante a pandemia de gripe em 2009/10 e foi dada a quase um milhão de crianças britânicas entre seis meses e cinco anos de idade. No entanto, após uma série de ensaios em toda a União Europeia, ela foi tirada de circulação, em 2011, justamente por várias ligações com casos de narcolepsia encontrados em jovens da Finlândia, Suécia e Irlanda. A Health Protection Agency, em seguida, encomendou um estudo com crianças do Reino Unido e descobriu que havia um risco estimado da desordem em uma a cada 52 mil crianças vacinadas.

O professor Adam Finn, da Universidade de Bristol, que estava no comando de um dos ensaios clínicos pediátricos de Pandemrix, disse: “Se você olhar para os números, o risco é muito aumentado e não parece provável que seja um resultado parcial, ou seja, é bem provável que a relação seja verdadeira”. Um porta-voz da GlaxoSmithKline disse: “Continuamos comprometidos com a realização de pesquisas adicionais sobre o potencial papel da Pandemrix no desenvolvimento da narcolepsia. Estamos também apoiando o trabalho de outros especialistas e organizações que investiguem casos notificados da doença”.

A narcolepsia

A narcolepsia caracteriza-se por um distúrbio que causa muita sonolência durante o dia e frequentes ataques de sono, repentinos, independentemente da atividade realizada. Segundo o portal de saúde Minha Vida, a condição é crônica e não existe uma cura conhecida. Pode ser controlada por medicação e atividades físicas, para que o sono que ocorre durante o dia seja minimizado.

A cataplexia

Trata-se de um sintoma específico da narcolepsia, que causa episódios de atonia, ou seja, uma fraqueza muscular que pode incidir sobre todo o corpo. O problema pode causar quedas e até mesmo paralisia de partes do corpo. Segundo o Centro de Diagnóstico Neurológico Polisono, quando a atonia é generalizada, e pode causar ferimentos graves, o reconhecimento é mais fácil. Quando apenas alguns grupos musculares são afetados, a identificação é mais complicada, justamente porque o paciente pode não reconhecer, ou não achar que seja algo grave.

Normalmente, os ataques de cataplexia acontecem com a pessoa acordada, com duração de poucos segundos a alguns minutos. Fatores emocionais – como riso, choro, medo ou sustos – podem ajudar a desencadear alguns ataques.

[ Daily Mail / Minha Vida / Polisono ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ] 

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