NeoVax: Testes clínicos parecem confirmar eficácia de vacina personalizada contra câncer de pele

Todos os pacientes sobreviveram ao período inicial de testes e 6 ainda estão livres de desenvolver o câncer de pele mesmo após 4 anos.

de Redação Jornal Ciência 0

Após quatro anos de testes de Fase 1, um estudo recente mostrou que uma vacina personalizada, produzida para combater o câncer de pele, parece ser eficaz contra o melanoma por um longo período.

Chamada NeoVax, ela foi usada com sucesso em 8 pacientes de alto risco para estimular o sistema imunológico a atacar as células tumorais. Todos os pacientes sobreviveram ao período de teste, e 6 pacientes ficaram livres da doença, mesmo após 4 anos.

Para fazer uma vacina que pudesse combater o melanoma, cientistas do Dana-Farber Cancer Institute, de Massachusetts, EUA, visaram os antígenos, que estão presentes na superfície das células cancerosas.

Esse tipo de antígeno, chamado neoantígeno, é mutado e existe apenas nas células tumorais – então, se o sistema imunológico pudesse ser ensinado a reconhecê-los e atacá-los, as células malignas poderiam ser destruídas.

A NeoVax contém partes desses neoantígenos, chamados epítopos, que iniciam uma resposta imune. No entanto, eles precisam ser feitos sob medida para o paciente. Para isso, o DNA é extraído do tumor do paciente e analisado para a entender a composição dos epítopos da própria pessoa – o que torna a vacina personalizada e extremamente específica.

Quando a vacina é aplicada, as células T dentro do corpo, reconhecerão os neoantígenos e se lembrarão deles, prevenindo o desenvolvimento do melanoma.

“Essas descobertas demonstram que uma vacina pessoal de neoantígeno pode estimular uma resposta imunológica durável em pacientes com melanoma”, diz a coautor do estudo, Catherine J. Wu, do Dana-Farber, Brigham and Women’s Hospital (BWH) e do Broad Institute, em um comunicado à imprensa.

“Encontramos evidências de que a resposta imune inicial direcionada se ampliou ao longo dos anos para fornecer aos pacientes proteção contínua contra a doença”, salientou.

O melanoma é o tipo de câncer de pele mais agressivo.

O estudo durou 4 anos e acompanhou pacientes com altas chances de voltarem a ter casos de melanoma. Após 4 anos de vacinados, todos os pacientes estavam vivos, com 6 completamente livres do câncer de pele. Após análise sanguínea, foi constatado que as células T estavam respondendo perfeitamente aos neoantígenos, lutando contra o melanoma.

Embora o teste seja promissor por si só, parece que o método mais eficaz de combate ao melanoma será a utilização da vacina em uma abordagem de tratamento múltiplo, adaptada para cânceres individuais.

Os pesquisadores sugerem que a vacina funciona extremamente bem inibindo o ponto de controle imunológico, o que garante que as células T possam destruir as células tumorais.

Atualmente, as vacinas personalizadas são consideradas uma revolução contra os diversos tipos de câncer – uma doença que mata quase 10 milhões de pessoas por ano em todo o mundo.

O câncer de cada pessoa possui sua própria “mistura de fatores genéticos” e/ou ambientais, apresentando diversas moléculas individuais. Sendo assim, uma terapia medicamentosa ou vacina personalizada pode ser o caminho mais promissor na luta contra a doença, fornecendo ao paciente um tratamento exato.

Os resultados foram publicados em um artigo científico na respeitada revista Nature.

Fonte(s): IFLScience / Nature Imagens: Reprodução / Pixabay / Wikipédia

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