Alimentos ultraprocessados provocam 57 mil mortes por ano no Brasil, diz estudo

Salsichas, linguiças, refrigerantes, sucos de caixinha, bacon, hambúrgueres, bolacha recheada e diversos outros entram na categoria de ultraprocessados

de Redação Jornal Ciência 0

Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), confirmou o que todos nós, intuitivamente, já sabemos: alimentos ultraprocessados, apesar de gostosos, matam!

A pesquisa foi publicada na última segunda-feira (07/11) na revista médica American Journal of Preventive Medicine, onde aponta que 57.000 brasileiros adultos morrem, anualmente, em decorrência do consumo de alimentos industrializados classificados como ultraprocessados.

Este número é tão alarmante que é maior do que o número de casos somados dos dois tipos de câncer que mais matam no Brasil, por ano: câncer de mama (11 mil) e câncer de pulmão (28,6 mil) — segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), com dados de 2019.

Entende-se como alimentos ultraprocessados uma infinidade de produtos: salsicha, salame, mortadela, bacon, linguiça, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes, sucos de caixinha, macarrão instantâneo e diversos outros.

Em suma, ser ultraprocessado significa que o alimento passou por processos industriais onde foram adicionados altos níveis de açúcar, sódio, gorduras (incluindo gordura trans), substâncias potencialmente cancerígenas, como no caso de embutidos de carne que levam conservantes controversos.

Além disso, estes alimentos recebem corantes, substâncias para melhorar o odor, o sabor e a durabilidade, evitando que oxidem e tenham aspecto “rançoso”. São produtos que alguns médicos não aceitam chamar de alimentos, pelos níveis baixíssimos de vitaminas e minerais, além de terem elevado teor calórico.

A atual pesquisa da USP e Fiocruz levou em consideração dados de 541.160 óbitos e suas causas, de pessoas com idade entre 30 e 69 anos. As análises mostraram que 57.000 mortes ocorreram em decorrência de uma alimentação rica em ultraprocessados.

Não é novo o conhecimento de que alimentos ultraprocessados são verdadeiras “bombas” para a saúde humana — há anos cientistas e especialistas de todo o mundo alertam sobre os riscos de uma alimentação com estes produtos.

Diversos estudos já provaram os malefícios à saúde, estimulando o desenvolvimento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças renais. As principais causas de morte entre os consumidores de ultraprocessados está o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto.

O estudo mostrou ainda que, se estivéssemos comendo os alimentos que comíamos 10 anos atrás, as mortes cairiam 20% por doenças causadas pelos alimentos ultraprocessados. O consumo destes produtos alimentícios aumenta a cada ano, por questões comportamentais e econômicas.

O Brasil ainda está em um cenário melhor que países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, onde a média mostra que 60% das calorias que uma pessoa destes países ingere são diretamente de alimentos ultraprocessados — cenário extremamente preocupante que deve ser tratado como problema de saúde pública.

Processado e ultraprocessado? Qual a diferença?

Os processados passam por manipulação industrial interferindo o mínimo possível, com adição de sal (salmouras), açúcar, vinagre, óleos ou outros ingredientes para torná-los mais duráveis e atrativos visualmente.

Alguns enlatados e conservas são exemplos de alimentos processados, que causam menos danos que os ultraprocessados

Muitas vezes, o tipo de sistema que os conservam é a própria embalagem, mantendo-o em bom estado para consumo por retirarem o oxigênio no momento do envaze. Sendo assim, não causam os mesmos danos que os ultraprocessados, mas o ideal é sempre optar pela alimentação rica em produtos frescos, os chamados in natura.

Como exemplos de processados podemos citar: enlatados de cenoura, pepino, palmito, compotas de frutas, carnes que são apenas salgadas ou defumadas naturalmente, sardinhas e atuns em latinha, farinha de trigo, extrato de tomate e muitos outros.

Fonte(s): American Journal of Preventive Medicine / Pró-Saúde / CNN Imagens: Reprodução / Alamy via The Guardian / FreePik / Redes Sociais / Naturvida

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