Leucoplasia: entenda o que é, sintomas e tratamentos da doença diagnosticada em Lula

A confirmação veio após nota à imprensa do Hospital Sírio-Libanês mostrando que Lula teve o diagnóstico de “leucoplasia na laringe”; entenda

de Redação Jornal Ciência 0

Luiz Inácio Lula da Silva foi diagnosticado com “pequena área de leucoplasia na laringe”, após fazer exames no Hospital Sírio-Libanês no último sábado (12/11). O hospital confirmou o diagnóstico através de nota à imprensa.

Durante sua campanha eleitoral, muitos se questionavam por que a voz de Lula estava rouca e apresentava diversas falhas. Ele estava sendo acompanhado por uma fonoaudióloga que o fazia beber água constantemente durante os discursos.

Em 2011, Lula passou por tratamento contra o câncer, um tumor maligno que atingiu sua laringe, mas o Hospital Sírio-Libanês confirmou que nos exames atuais de imagens “estão normais e seguem mostrando completa remissão do tumor diagnosticado em 2011”.

O câncer de 2011 possuía 3 centímetros de diâmetro na laringe e foram necessárias 30 sessões de quimioterapia para alcançar a cura da doença.

Ainda segundo a nota, foram encontradas “alterações inflamatórias decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe”.

O que é a leucoplasia?

A doença ocorre, em média, com 1 a cada 100 mil homens, de acordo com os dados mais recentes de especialistas em oncologia. É um tipo de desenvolvimento de manchas ou placas brancas, com principal “foco” nas pregas vocais, mas podem surgir em qualquer outra região da laringe.

Estas lesões são, tecnicamente, consideradas pré-malignas, mas somente em 10% a 20% dos casos ocorrem a progressão da doença para um câncer.

Após intensas agressões, o corpo começa a depositar camadas de queratina sobre os tecidos de partes da laringe, como as pregas vocais, para tentar proteger a região.

Fatores de risco e sintomas

Estas agressões estão associadas com o tabagismo, consumo excessivo de álcool e até o famoso refluxo provocado por patologias do estômago.

A rouquidão é um dos principais sintomas, acompanhada de sensação de ardor, “pinicadas”, desconforto ao engolir e falar, além de dor na região. Os dados estatísticos mostram que a prevalência da doença é entre homens com mais de 40 anos que fumam e bebem com frequência.

Quem passou por tratamento de câncer na região do pescoço, com radioterapia, possui maiores chances de desenvolver o problema. Além disso, fatores como obesidade, infecção por HPV, consumo de alimentos ultraprocessados em excesso, carne vermelha e exagero no sal também estão associados.

Lesões na boca e dor crônica no ouvido podem ser indicativos da necessidade de realizar um exame de fibroscopia para analisar a existência de uma leucoplasia ou descartar a suspeita.

Quando o paciente tem histórico de tabagismo e consumo excessivo de álcool, torna-se necessário o exame de nasofibroscopia — que é extremamente demorado via SUS com enorme fila de espera, podendo ser desastroso se leucoplasia for maligna, o que pode custar a vida do paciente.

Como tratar?

Em alguns casos, quando a extensão é significativa, o tratamento mais indicado é a cirurgia para a retirada da leucoplasia. Caso a lesão seja muito pequena, é possível ser retirada durante o próprio exame de coleta para biópsia — embora não em todos os casos.

Quando mais avançada, é necessária uma cirurgia de ressecção, em casos de tumor. Mas, quando a leucoplasia é benigna, torna-se necessário apenas acompanhá-la em períodos determinados pelos médicos para avaliar se houve progressão ou estabilização do quadro.

De acordo com um novo estudo brasileiro, é possível (no futuro) o tratamento clínico usando vitamina A. Uma pesquisa da Unesp — Universidade Estadual Paulista — mostrou eficácia na dose diária de 100.000 UI de vitamina A, por um período de 2 meses, em pacientes que possuem leucoplasia na laringe.

De acordo com os cientistas, em 62% dos casos foi possível a diminuição ou erradicação das lesões, especialmente em pacientes que possuem leucoplasia com aspecto mais regular ou plano.

Como a amostragem do estudo foi pequena, torna-se impossível usar, neste momento, a vitamina A como opção de tratamento sem que mais estudos possam ser feitos para validar os dados encontrados.

Imagens: Reprodução / Redes Sociais

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