Paralisia de Bell: homem paralisa metade do rosto após tomar duas vacinas da Pfizer

Estudo anterior considera este efeito colateral muito raro após vacinas, podendo ocorrer em apenas 0,02% dos pacientes

de Redação Jornal Ciência 0

Vacinas de RNA mensageiro contra a Covid-19 poder estar associadas ao risco de desenvolver a chamada Paralisia de Bell, sugere um novo relatório do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido — sistema parecido com o SUS brasileiro.

Os pesquisadores detalharam o caso de um homem de 61 anos, da Inglaterra, que recebeu duas doses da vacina Pfizer-BioNTech contra a Covid-19.

Na primeira dose, ele desenvolveu paralisia facial logo após a aplicação. Na segunda dose, o efeito colateral foi mais severo, incluindo a incapacidade de fechar totalmente o olho esquerdo.

A equipe do NHS acredita que este seja o primeiro caso documentado de um paciente ter paralisia facial após a primeira e segunda dose da vacina contra o coronavírus — mas salientam que é uma ocorrência muito rara.

Um estudo anterior publicado na JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery foi relacionada a incidência de casos de Paralisia de Bell a um risco de 0,02% para as pessoas vacinadas, de acordo com o jornal britânico Daily Mail. 

O caso do paciente de 61 anos da Inglaterra foi publicado na prestigiada revista médica BMJ Case Reports.

O homem nunca teve histórico de paralisia do nervo facial anteriormente, mas apresentava comorbidades como obesidade, pressão alta, colesterol elevado e diabetes tipo 2.

Cinco horas após receber a primeira dose da vacina da Pfizer-BioNTech, desenvolveu fraqueza facial do lado direito e foi ao pronto-socorro no dia seguinte. Ele recebeu prednisolona (um corticoide), potente anti-inflamatório por quatro semanas, e a paralisia regrediu completamente.

Após receber a segunda dose da vacina da Pfizer-BioNTech, ele desenvolveu um episódio ainda mais grave de Paralisia de Bell do lado esquerdo do rosto.

“A ocorrência dos episódios imediatamente após cada dose da vacina sugere fortemente que a Paralisia de Bell foi atribuída à vacina Pfizer-BioNTech, embora uma relação causal não possa ser estabelecida”, salientaram os autores do estudo.

“O paciente foi aconselhado a discutir futuramente o uso de vacinas de RNA mensageiro com seu médico, caso a caso, levando em consideração o risco versus o benefício de cada vacina”, disseram.

O que é Paralisia de Bell?

A Paralisia de Bell é uma condição que atinge inesperadamente o rosto após o nervo facial que controla a função da contração dos músculos do rosto sofrer uma lesão por inflamação — paralisando o músculo parcialmente ou totalmente.

O paciente tem fraqueza muscular repentina ou paralisia que faz com que metade do rosto pareça ter caído, com metade da boca torta e dificuldade ou impossibilidade em fechar o olho do lado afetado.

Geralmente é uma condição temporária e os sintomas podem melhorar em semanas e a recuperação completa pode ocorrer em até seis meses. Alguns pacientes podem ter sintomas por mais tempo ou terem novos ressurgimentos da condição ao longo da vida.

A causa exata do que causa a Paralisia de Bell ainda é motivo de debate e controvérsias científicas. Muitos acreditam ocorrer por “choque térmico”, mas não existem estudos científicos que confirmem esta crença popular.

Embora as causas sejam desconhecidas, cientistas levantam a hipótese de que ela é causada por uma reação exagerada do sistema imunológico do corpo, que leva à inflamação do nervo facial.

De acordo com informações publicadas no site do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, uma das hipóteses aceitas é que a inflamação deste nervo ocorre por infecções de diversos vírus, dentre eles o do herpes simples — causador do herpes labial e genital.

Além disso, o vírus do herpes zoster, que causa a catapora, o citomegalovírus e o vírus Epstein-Barr (que causa a mononucleose), também podem estar envolvidos no processo de desenvolvimento da paralisia.

Fonte(s): Daily Mail / Hospital Albert Einstein Imagens: Reprodução / Cortex-Film / Shutterstock.com (ilustrativa)

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