Cientistas estão próximos de desenvolver primeira vacina para malária comercialmente disponível

de Merelyn Cerqueira 0

Apesar de existir uma enorme gama de pesquisas sobre o assunto, até hoje não temos uma vacina contra a malária comercialmente disponível.

 

No entanto, de acordo com informações da Science Alert, uma boa candidata para isso poderá ser testada no próximo ano na África. Em um estudo publicado na Nature Communications, cientistas disseram ter descoberto um alvo potencialmente promissor entre a ponte que a malária faz com nossos glóbulos vermelhos. Logo, a descoberta poderia levar a uma vacina mais eficaz e barata.

 

A malária pode ser transmitida por uma série de parasitas do gênero plasmodium, como o P. vivax e o P. falciparum, por exemplo. Espalhados através da picada de mosquitos infectados, eles hoje estão presentes em 97 países e territórios de todo o mundo. Só em 2015, a malária fez 212 milhões de vítimas. Destas, cerca de 430 mil morreram, a maioria crianças com menos de 15 anos. Embora estes números pareçam grandes, eles mostram uma redução de 22% de casos desde 2000, quando o uso de mosquiteiros e inseticidas foi promovido, resultando em uma redução de mortes pela metade.

 

Com isso em mente, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu uma Estratégia Global para Malária. O objetivo é, até 2020, eliminar completamente a doença em pelo menos 10 países e reduzir em 40% dos casos em outros onde a condição é endêmica. A OMS tem um grande desafio pela frente, mas uma vacina barata e estável poderia ser uma arma poderosa para combater esse parasita mortal, se distribuída para toda população, até nas áreas mais remotas do mundo.

 

E é aí que a RTS, S, também conhecida como Mosquirix, entra. Prestes a ser testada na África do Sul em 2018, a vacina funcionará como uma esperança na redução de infecções em crianças e jovens até pela metade. No entanto, os cientistas ainda estão em busca de ferramentas mais eficazes para fornecer uma imunização sólida. E para isso, pesquisadores da Welcome Trust Sanger Institute, focaram em um produto químico que o patógeno usa para se ligar aos glóbulos vermelhos do hospedeiro.

 

A molécula, chamada RH5, já havia sido encontrada em pesquisas anteriores para se conectar um receptor de glóbulos vermelhos chamado basigin. Então, verificou-se que duas outras proteínas, CyRPA e RIPR, formam um complexo com RH5. Mas, os detalhes para isso ainda eram desconhecidos.

 

Os pesquisadores então descobriram exatamente como esse processo funciona. À medida que o plasmódio segrega RH5, um receptor em sua superfície, chamado P113, agarra-se a uma célula sanguínea vermelha, ancorando-se tempo suficiente até que desliza para seu interior. Verificou-se que outras duas proteínas também se aderiram uma à outra, com CyRPA se conectando a um local específico da RH5.

 

O estudo, no entanto, revelou que apenas uma pequena área da RH5 foi usada para se conectar ao plasmodium, indicando a possibilidade da produção de um “bloqueador” simples e barato. Sabíamos que ambas as proteínas eram essenciais para a invasão, mas esta foi a primeira vez que alguém viu a interação entre RH5 e P113, mostrando que trabalham juntos”, disse Julian Raynor, um dos membros da equipe.

 

Em teoria, um anticorpo que bloqueia a P113 poderia parar a ligação de RH5 e assim impedir que o parasita chegue aos glóbulos vermelhos. Isso torna a proteína P113 um bom alvo para a vacina”, explicou. Em suma, RH5 é uma ligação vital entre o parasita e nossas células sanguíneas. Logo, encontrar formas de direcioná-la por meio de uma vacina pode ser eficaz para bloquear o patógeno e dar um passo em direção a um futuro livre de malária.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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