Sibéria: degelo poderá trazer de volta a varíola, uma das doenças mais devastadoras do mundo

de Otto Valverde 0

A varíola, doença altamente contagiosa, mata cerca de 30% dos pacientes contaminados, isso segundo dados oficiais da Organização Mundial da Saúde – a OMS.

Ela é conhecida por seus terríveis sintomas. Os sobreviventes enfrentam graves cicatrizes que os acompanham por toda a vida. Além disso, ela foi considerada a única doença infecciosa erradicada no mundo em 1980, depois de uma massiva e extensa campanha global de vacinação.

Apesar da aparente calmaria, uma verdadeira “catástrofe” pode estar por vir. Cientistas alertam sobre o grave perigo do degelo do solo na Sibéria, áreas conhecidas como permafrost. O problema seria uma consequência das mudanças climáticas e do aquecimento global que está abalando o mundo nas últimas décadas.

variola

A planície da Sibéria possui gelo em quase todo o ano e apenas algumas partes dela ficam expostas. O permafrost é um tipo de solo comum no Ártico. Mas, onde está o problema?

Na verdade, quando a varíola era uma ameaça mundial, cerca de 130 mortos foram enterrados em regiões da planície do permafrost. De acordo com os cientistas, essas áreas estão passando por um intenso derretimento de gelo, especialmente em fases do verão no Hemisfério Norte.

Ruínas da cidade de Zashiversk, que foi devastada por uma epidemia de varíola na década de 1840. Foto: Reprodução / A. Okladnikov.

A ameaça é tão real que a própria Rússia admitiu em 2016 que combateu um surto de antraz (provocado por um tipo de bactéria) que ocorreu na região siberiana justamente pelo degelo do permafrost, que permitiu a exposição destas bactérias, que antes estavam congeladas. 

Antigo cemitério em Yakutia, na Sibéria, onde há corpos enterrados de vítimas da varíola. Eles estavam enterrados e congelados. Foto: Reprodução / Sergey Karpukhin.

Dados oficiais do governo à época, mostram que 24 pessoas, pelo menos, foram internadas com suspeitas de antraz no hospital de Salekhard, no Norte do país.


Em 1890, houve uma epidemia de varíola muito grande na área. Uma cidade da região perdeu mais de 40% da população. Naturalmente, eles enterraram os corpos na camada superior do gelo, o pergelissolo (mistura de terra, gelo e rochas permanentemente congelados), às margens do rio Kolyma. Mas agora, um século depois, o calor e as águas estão causando a erosão das margens do rio, disse Boris Kershengolts, da Academia de Ciências da Rússia, ao jornal Siberian Times.


Fonte: Siberian Times Fotos: Reprodução / National Museum of Health & Medicine e Siberian Times 

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