Estudo mostra que Via Láctea é quatro vezes maior do que pensávamos

de Merelyn Cerqueira 0

Astrônomos recentemente descobriram que nossa região na Via Láctea, localizada no meio de um dos braços da galáxia, o chamado Braço Local, a 30.000 anos-luz do núcleo, é cerca de quatro vezes maior do que o estimado anteriormente.

A descoberta sugere que nossos valores de vizinhança cósmica abranjam uma parte mais significativa da galáxia do que antes se pensava. As novas estimativas apontam que o Braço Local poderia se estender para além de 20.000 anos-luz de comprimento, segundo informações da Science Alert.

Ainda considerada não tão grande quanto os quatro grandes braços espirais que comportam a maioria das estrelas, gás e poeira da galáxia (Norma, Perseus, Scutum-Centaurus e Sagitário). As novas medidas são significantemente suficientes para alterar nossa atual compressão da Via Láctea. O astrônomo Mark J. Reid, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, disse que a equipe foi surpreendida ao medir as distâncias do braço local. “Uma grande parte do material que pensávamos estar em um braço nas proximidades, na verdade, estava no Braço Local”.

Para as descobertas, a equipe internacional de astrônomos utilizou o interferômetro Very Long Baseline Array (VLBA) do National Radio Astronomy Observatory, para medir as emissões de ondas de rádio em todo Braço Local, a fim de ter uma noção maior sobre a localização das regiões mais movimentadas de formação estelar.

Como estamos localizados no meio de um dos braços espirais e não há mapas completos e tão precisos da galáxia, o trabalho dos cientistas não foi fácil. Como envolve distâncias verdadeiramente incompreensíveis, nossa perspectiva é obscurecida pela presença da matéria cósmica. “O problema fundamental para observar a Via Láctea é que ela é um sistema ‘de disco’ e nós estamos dentro desse disco”, disse o pesquisador Reid Eva Botkin-Kowacki. “Vamos dizer que você tenha um disco e pinte um padrão em espiral no topo dele. Quando você o vira de lado, não poderá ver o padrão espiral”.

No entanto, os radiotelescópios, como o VLBA, podem simplificar essa tarefa, porque podem ver através do plano galáctico além de massivas regiões de formação estelar que traçam a estrutura espiral enquanto os comprimentos de ondas ópticas são escondidos pela poeira.

Assim, ao combinar as novas leituras das oito regiões próximas ao Braço Local com as medições anteriores, a equipe pôde perceber a verdadeira extensão da nossa localização cósmica. Anteriormente, eles acreditavam que o Braço Local era mais como uma espora (de bota) do que uma espiral adequada, e a equipe de fato encontrou novas evidências que sugeriam isso – caracterizada por uma estrutura “de ponte” que se estende entre o Braço Local e o vizinho Sagitário.

Nossa galáxia provavelmente não tem um desses belos padrões espirais que vemos em algumas outras externas”, disse o astrônomo Jo Bovy da Universidade de Toronto, no Canadá, que não participou do estudo. A descoberta veio após o recente lançamento de um mapa da Via Láctea produzido pela Agência Espacial Europeia, que mostra que nossa galáxia possui mais estrelas do que antes previsto – um total de 1,1 bilhões e contando. As conclusões do estudo foram publicadas na revista Science Advances.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ] 

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