Astrônomos descobriram um tipo novo de galáxia

de Merelyn Cerqueira 0

Em um estudo publicado recentemente nas Cartas de Avisos Mensais da Royal Astronomical Society, cientistas relataram a descoberta de um tipo raro de galáxia, localizada a 359 milhões de anos-luz da Terra, e com uma estrutura circular nunca antes vista.

 

Chamada de PGC 1000714, ela é uma forma de “galáxia anelar”, que ocorre quando um círculo externo de estrelas jovens rodeia um núcleo galáctico mais antigo, segundo informações da Science Alert. Uma avaliação mais precisa da galáxia revelou que seu núcleo está no meio de não apenas um, mas dois anéis estelares. Os tipos mais comuns de galáxias que conhecemos são as em forma de disco, com estrelas espalhadas segundo elipses, ou espirais, assim como a Via Láctea.

 

No entanto, há outros tipos de galáxias irregulares no espaço, incluindo as anelares, cujo exemplo mais famoso é o chamado Objeto de Hoag, descrito em 1950 pelo astrônomo Arthur Hoag. Ao contrário das que possuem forma de disco, em que as estrelas estão geralmente dispersas, as galáxias anelares são divididas em dois campos distintos: um anel de jovens estrelas azuis, que brilham intensamente no exterior, e um núcleo bem definido de estrelas mais velhas e menos luminosas localizadas ao centro.

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Objeto de Hoag. Crédito: R. Lucas (STScI / AURA) / Hubble Heritage Team / NASA

As galáxias anelares são consideradas incrivelmente incomuns, então quando os pesquisadores encontraram PGC 1000714, com seus dois campos distintos, logo notaram que tinham algo muito especial em mãos. “Era como detectar um leopardo das neves ou algum outro animal raro e indescritível”, disse o astrofísico Patrick Treuthardt, do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, EUA, à CNN.

 

Junto com outros pesquisadores, Treuthardt analisou a galáxia rara utilizando o Observatório de Las Campanas, no Chile. Eles descobriram que o anel externo de estrelas mais jovens possuía apenas cerca de 0,13 bilhão de anos, enquanto que o núcleo mais antigo aproximadamente 5,5 bilhões de anos.

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Ryan Beauchemin

Por ser um achado astronômico sem precedentes, os pesquisadores disseram não ter certeza de como esse tipo de galáxia ocorre. “Uma estimativa afirma que as galáxias do tipo Hoag podem representar 0,1% das galáxias observáveis, podendo ainda ser muito menos do que isso”, disse Treuthardt. “Essa galáxia pode ser única”.

Especula-se que PGC 1000714 tenha se reunido através de forças ao longo de pelo menos dois períodos de tempo distintos. “As diferentes cores do anel interno e externo sugerem que esta galáxia experimentou dois períodos de formação diferentes”, explicou Burcin Mutlu-Pakdil, da Universidade de Minnesota Duluth, e membro da equipe. “A partir desses instantes iniciais e únicos no tempo, é impossível saber como os anéis desta galáxia particular foram formados”.

 

A equipe também acredita que é possível que o anel exterior tenha se incorporado à PGC 1000714 a partir de uma galáxia próxima rica em gás. Ainda não está claro quanto tempo esses anéis durarão – e se eles não mantiverem tal formação, isso poderia explicar o porquê de essas formas serem tão raras.

 

Embora muita pesquisa ainda precise ser feita para entendermos melhor esse tipo de galáxia, os pesquisares afirmaram que sistemas como esse, fora do padrão, são extremamente importantes para uma maior compreensão sobre o nosso Universo.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

Jornal Ciência