Galáxia próxima possui maior concentração de matéria escura já detectada

de Bruno Rizzato 0

Ao medir a massa de uma galáxia anã próxima, chamada Triangulum II, um astrônomo dos EUA detectou o que poderia ser a maior concentração de matéria escura já encontrada em alguma galáxia conhecida. Com um número relativamente pequeno de estrelas, esta pequena e fraca galáxia não é de fácil análise, mas não havia dúvidas quanto a sua relação incomum com a luz.

“A massa total medida foi muito maior do que a massa do número total de estrelas, o que implica que há uma tonelada de uma densa matéria escura contribuindo para a massa total”, disse Evan Kirby, do Instituto de Tecnologia da Califórnia. “A proporção de matéria escura em relação à matéria luminosa é a mais alta de qualquer galáxia que conhecemos”, completou. 

Descoberta no início deste ano, na borda da Via Láctea, a galáxia Triangulum II tem aproximadamente a mesma luminosidade da menor galáxia conhecida no Universo, chamada de Segue 1, possuindo apenas 1.000 estrelas. Para colocar isso em perspectiva, a Via Láctea tem cerca de 100 bilhões de estrelas.

Poucas estrelas dificultam a observação de grandes estrelas, e a melhor forma de detecção é com telescópios terrestres. Felizmente, algumas poucas estrelas são suficientes para medir a força gravitacional exercida sobre elas, calculando sua velocidade. Usando a velocidade das estrelas para descobrir a força gravitacional, é possível determinar a massa da galáxia. Kirby encontrou seis estrelas ao redor do centro de Triangulum II, permitindo a medição. “A galáxia é um desafio para observação. Apenas seis de suas estrelas eram luminosas o bastante para que o telescópio Keck pudesse detectá-las”, disse ele.

Atualmente acredita-se que Universo é constituído de planetas, estrelas, galáxias, e todos os tipos de poeira, pedra e gás. Porém, na realidade, toda esta matéria visível – ou “normal” – representa apenas 4,9% do mesmo. A matéria escura supera as partículas de matéria normal, tornando-se 26,8% do Universo, enquanto a energia escura representa os 68,3% restantes.

Mas só porque a matéria escura e a energia escura compõem a maioria do nosso Universo, não significa que possamos vê-las. É por isso que elas são chamadas de “escuras”. A única maneira de detectá-las é de forma indireta, medindo suas presenças através de sua influência gravitacional sobre vários componentes de uma galáxia. Até agora, ninguém conseguiu medir diretamente ou detectar um sinal de matéria escura, mas a descoberta de que Triangulum II tem a maior concentração de matéria escura conhecida em uma galáxia, poderia ser a chave para descobrir como viabilizar tal identificação.

Tipos especiais de partículas de matéria escura, chamada WIMPs, são conhecidas por aniquilar umas às outras quando colidem, e essa interação produz raios gama que podem ser detectados usando o equipamento presente na Terra. Estes raios gama são o mais próximo que podemos chegar na detecção direta de matéria escura, mas, embora acredite-se que elas sejam produzidas em qualquer lugar do Universo, estão constantemente sendo abafadas por outros tipos de raios gama, tais como aqueles emitidos por pulsares, os restos de estrelas massivas mortas.

É por isso que Triangulum II é um achado tão surpreendente, pois não só parece ter a maior concentração conhecida de matéria escura, como também é muito pequena e com poucas estrelas, significando que os sinais concorrentes não parecem ser um problema. A galáxia é tão inativa que os astrônomos se referem a ela como “morta”, o que significa que deve ser relativamente fácil detectar raios gama produzidos em matéria escura. As descobertas de Kirby foram publicadas na revista Astrophysical Journal Letters e podem ser um grande passo para a observação astronômica.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / NASA / ESA ]

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