É assim que vai acabar? Energia escura pode fazer com que o universo se dilacere até não sobrar nada

de Gustavo Teixera 0

A morte de nosso Universo será fria, gradual e lenta de acordo com a maioria dos físicos.

Mas novas pesquisas de cientistas da Universidade de Lisboa, em Portugal, sugerem que podemos estar em uma viagem mais difícil do que pensávamos. Pesquisas anteriores demonstraram que a energia escura, uma força enigmática que gradualmente acelera a expansão do cosmos, poderia de fato fazer com que nosso Universo se dilacere violentamente até que não sobrar nada.

Agora, os cientistas da Universidade de Lisboa foram mais fundo do que nunca nesta teoria, oferecendo mais informações sobre como o “Big Rip”, também conhecido como Grande Ruptura, pode trazer o fim do nosso Universo.

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O tempo teve um começo, mas se ele vai ter um fim depende da natureza da energia escura que está causando a expansão (ilustrado). A taxa dessa expansão pode eventualmente destruir o universo, forçando-o a terminar em um Grande Rip.

As estimativas atuais são de que nosso Universo tenha cerca de 68% de energia escura, uma forma hipotética de energia que estaria distribuída por todo espaço e tende a acelerar sua expansão, sendo que a principal característica da energia escura é ter uma forte pressão negativa. De acordo com a Teoria da Relatividade, o efeito de tal pressão seria semelhante, qualitativamente, a uma força que age se opondo à gravidade.

O que os cientistas sabem é que a energia escura está gradualmente acelerando a expansão do nosso Universo, tendo como oponente apenas a forte atração gravitacional entre as galáxias que alinha os cosmos. A visão comum da morte de nosso Universo envolve galáxias e planetas se afastando gradualmente. Esses objetos estarão muito isolados e frios para interagir, “matando” o Universo lentamente. Esta possibilidade tem sido rotulada de “Big Freeze” (Grande Congelamento) ou “Heat Death” (Morte Térmica) do Universo.

Mas ao longo das últimas duas décadas, os pesquisadores exploraram uma nova via possível para o fim do nosso Universo. A grande questão é: e se a energia escura, um dos grandes mistérios da física, não agir da maneira que prevemos?

A teoria diz que, em vez de causar uma expansão estável do nosso Universo, a energia escura pode de fato acelerar essa expansão ao longo do tempo. Isso acabaria por fazer com que o Universo se apagasse através de uma grande lágrima cósmica. Esta possibilidade é conhecida como “Big Rip”, e prevê que a energia escura se comporta de maneira que ainda não compreendemos completamente.

Basicamente, a matéria escura teria que se tornar mais densa à medida que o Universo se expande. Os cientistas já tentaram provar que isso não é possível, mas até agora não conseguiram descartar essa possibilidade. Para aprofundar o desenrolar do Big Rip, uma equipe de investigadores da Universidade Técnica de Lisboa, em Portugal, explorou três possíveis versões do evento: o Big Rip, o “Irmão mais novo do Big Rip” e o “Litlle Rip”.

Cada possibilidade difere ligeiramente na maneira que o Universo se dilacera, embora sejam todas relativamente similares. Enquanto o Big Rip seria mais rápido, as outras versões formariam uma lágrima cósmica mais estável. “O que eles têm em comum é que nossa galáxia, e todas as galáxias, seriam dilaceradas”, disse uma das pesquisadoras, Mariam Bouhmadi-López, à revista New Scientist.

Os pesquisadores estudaram os mapas mais recentes do cosmos com base em observações da sonda de anisotropia de micro-ondas Wilkinson e do satélite Planck para analisar qual dos três cenários de dilaceramento era o mais provável. Eles usaram os mapas para procurar áreas do Universo com desvios incomuns na atração gravitacional. Em algumas partes de nosso Universo a matéria escura e a matéria regular se condensam e se acumulam de maneiras especiais.

As inconsistências gravitacionais que isso gera podem alterar a taxa na qual a energia escura atua nessas áreas. Ao analisar essas áreas condensadas de matéria, a equipe foi capaz de descobrir para que tipo de dilaceramento nosso Universo pode estar caminhando. Eles estimam que o “Litlle Rip” seja o resultado mais provável, em que uma lágrima cósmica de nosso Universo seja lentamente formada ao longo de bilhões de anos.

A descoberta permanece apenas uma teoria por agora, mas eles poderiam se concentrar mais em pesquisas sobre como nosso Universo pode um dia terminar. “Eles foram capazes de chegar a algumas observações típicas diferentes nesses modelos, e no futuro, vamos ser capazes de usar isso”, aponta Robert Scherrer da Universidade Vanderbilt, um dos cientistas que desenvolveu a teoria original do “Big Rip”.

Mas não teremos que nos preocupar com um “rasgo cósmico” por algum tempo. O Little Rip proposto pelos pesquisadores não acontecerá nos próximos 100 bilhões de anos.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução /  Daily Mail / Internet ] 

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