Expectativa: satélite russo poderá ser a “estrela” mais brilhante do céu!

de Bruno Rizzato 0

Dependendo do momento e de onde você esteja no mundo, provavelmente a estrela mais brilhante no céu noturno seja a estrela binária Sirius, também conhecida como Alpha Canis Majoris. Mas isso, poderá mudar em breve, caso um satélite russo amador seja lançado em meados de 2016, como previsto.

O satélite é chamado de Mayak, traduzido para “farol”, e é projetado para orbitar em oposição ao Sol, refletindo sua luz usando velas gigantes, fazendo com que pareça mais brilhante para nós do que todas as outras estrelas no céu noturno. De acordo com alguns relatórios, ele tem potencial para ser até mesmo mais brilhante do que a Lua.

O satélite em si não fará nenhuma observação ou trabalho científico, o objetivo do projeto é simplesmente inspirar a humanidade, criando uma “estrela” artificial visível por todos, ao olhar para cima, à noite. Os engenheiros por trás do projeto já levantaram mais de 20 milhões de dólares em um portal de financiamento coletivo russo chamado Boomstarter.

Estamos enviando uma nave espacial em órbita que será a estrela mais brilhante do céu, visível a partir de qualquer ponto do nosso planeta. Queremos mostrar que a exploração espacial é algo excitante, interessante e acessível a todos os interessados”, disse o líder do projeto, Alexander Shaenko, chefe do Programa Contemporâneo de Cosmonáutica na Universidade Estadual de Engenharia Mecânica de Moscou.

Apesar de Shaenko ser um engenheiro, ele está trabalhando no projeto Mayak com a ajuda de entusiastas, sem vínculos com agências e institutos de pesquisa e astronomia, o que o tornará o primeiro satélite amador da Rússia a entrar no espaço, se tudo correr como o previsto.

Mayak é do tamanho de um pedaço de pão, mas é projetado para ocupar uma área de 16 metros quadrados, com sua vela triangular, uma vez que ficará em órbita 600 km acima da Terra, transformando o contexto em uma gigante pirâmide reflexiva. De acordo com a página Boomstarter, a vela é feita de um material de polímero fino, e os engenheiros estão trabalhando agora em um sistema de travagem aerodinâmica para o satélite, o que permitirá que ele se mova na órbita inferior sem o uso de seu motor, ajudando a evitar o lixo espacial.

A Agência Espacial Federal Russa, Roscosmos, já concordou em lançar Mayak para o espaço a bordo de seu foguete Soyuz-2, em julho deste ano. “Atrair os jovens para o campo da cosmonáutica é uma das nossas prioridades. A Roscosmos trabalha seriamente com universidades e apoia projetos como Mayak, que aumentam a motivação dos alunos para trabalhar para empresas russas de construção de foguetes espaciais, no futuro”, disse um porta-voz da Roscosmos ao portal Sputnik News.

Ainda há muito trabalho a ser feito, antes do lançamento, e a equipe precisa terminar todos os testes. Os engenheiros também querem construir um modelo do satélite para ir em exposição ao Museu da Cosmonáutica de Moscou, para que alunos possam ser inspirados por ele durante o dia, também. Mas o atraso pode não ser tão ruim, pois há a preocupação de que essa estrela artificial possa ficar no caminho da observação de astrônomos, ou ainda pior: cientistas precisarem filtrar a luz a fim de estudar o Universo. Ainda não é possível mensurar benefícios ou malefícios, mas essa é uma discussão que precisa ser considerada antes do satélite ser enviado à órbita da Terra.

[ Foto: Reprodução / Mayak / Boomstarter ]

Jornal Ciência