Uma doença transmitida por carrapatos, que mata até 30% dos infectados, está se espalhando pela Europa Ocidental. Até o momento, duas pessoas foram infectadas na Espanha, sendo uma das vítimas fatal.
O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) está alertando os viajantes, bem como trabalhadores agrícolas, a evitarem contato com animais potencialmente infectados, se acordo com informações da Science Alert.
Segundo Herve Zeller, do ECDC, o centro está focando em grupos com risco de exposição, como os criadores de gado e caçadores, que frequentemente estão em contato com animais. “Eles podem estar em contato com carrapatos e esmagá-los pode permitir que o vírus entre através da pele”, disse.
A doença é conhecida como febre hemorrágica da Crimeia-Congo (CCHF) e é comumente espalhada pelo gênero Hyalomma de carrapatos, e as espécies são conhecidas por habitar regiões da Ásia, Europa e África. Para os animais, os sintomas raramente se apresentam após a infecção. No entanto, nos seres humanos, pode causar febre alta, vômitos, hemorragias nasais e escurecimento das fezes. Além disso, dentro de duas semanas, 30% dos infectados acabam morrendo.
Atualmente, não há vacinas contra a CCHF, e embora seja comumente transmitida pela picada do aracnídeo, ela também pode ser transferida através de fluídos corporais, como o contato com o sangue do animal contaminado. Só neste ano, 20 pessoas morreram no Paquistão em razão da doença. Ela já era considerada endêmica na África, Balcãs, Oriente Médico e Ásia, esta é a primeira vez que foi documentada na Europa Ocidental.
A primeira pessoa infectada no surto atual foi um alpinista de 62 anos de idade que foi picado por um carrapato próximo à região de Ávila, na Espanha. Ele morreu no dia 25 de agosto, mas não antes de transmitir o vírus a um profissional de saúde de 50 anos, que o tratou em Madri – muito provavelmente pelo contato com o sangue.
Os médicos do país colocaram cerca de 200 outros trabalhadores da saúde sob observação, a fim de observar os primeiros sintomas e evitar que a doença se espalhe ainda mais. O profissional em questão apresentou sinais de recuperação. Um relatório abordando os dois casos a ECDC sugeriu que o vírus provavelmente foi trazido para a Espanha por meio de aves migratórias que vieram do Marrocos ou outras partes do norte da África. Uma vez na Europa, o carrapato teria passado das aves para o gado e outros animais, espalhando a doença no processo.
Quando detectado em 2010, na fronteira entre Espanha e Portugal, ele demorou a se espalhar para os seres humanos, porque não somos a presa de escolha. Isso sugere que o risco não é muito alto. “Este vírus está presente nessas regiões desde 2010, mas nós temos apenas um caso de disseminação em um período de cinco isso, por isso é considerado um evento raro”, disse Zeller.
No entanto, risco baixo não significa risco zero, por isso, o ECDC está aconselhando as pessoas que viajam para as regiões da Europa Ocidental a usar camisas de manga e calças compridas, bem como repelentes para evitar a picada dos carrapatos.
[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]