Pesquisadores descobriram um novo tipo de coronavírus — com semelhanças ao vírus causador da Covid-19 — ao estudarem morcegos em localidades do Reino Unido.
O novo vírus foi batizado de RhGB01. Ele é um sarbecovírus — subgênero que também pertence ao SARS-CoV-2. Ele faz parte da família Coronaviridae, dos coronavírus.
O vírus RhGB01 foi encontrado nas fezes do morcego-de-ferradura-pequeno (espécie Rhinolophus hipposideros), no sudoeste da Inglaterra, na cidade de Gloucester.
O estudo, publicado na Scientific Reports na última segunda-feira (19/07), mostra que esta é a primeira vez que um sarbecovírus é registrado em morcegos desta espécie na Inglaterra.
Os cientistas dizem que não há motivo para medo. Apesar de ser parecido com o vírus da Covid-19, é improvável que consiga infectar humanos e não existem registros que isso tenha ocorrido no passado.
O estudo mostrou ainda que 50 vírus correlacionados à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) foram encontrados no Leste e no Sudeste da Ásia, mas é a primeira vez que um vírus do tipo é encontrado nesta espécie de morcego.
Após fazer o sequenciamento genético do RhGB01, os cientistas demonstraram que sua estrutura no domínio de ligação ao receptor — ou seja, a parte da estrutura do vírus responsável por se ligar às células e causar infecção — é diferente do vírus da Covid-19, fazendo acreditar que “muito provavelmente” ele seria incompatível com as células humanas.
“Portanto, é improvável que o RhGB01 seja zoonótico sem que ocorra mutação”, diz o estudo.
Ou seja, da forma que o vírus se encontra, ele não representa risco para nós e só seria infectante se ocorressem mutações em sua estrutura que permitissem sair de animais, como o morcego, e “pular” para humanos.
Mas, o pesquisador Andrew Cunningham, pesquisador da Sociedade Zoológica de Londres e um dos coautores do estudo, deixou claro que se um vírus da Covid-19 infectar um morcego que possua o vírus RhGB01, existiria risco real de ocorrer um híbrido, onde o RhGB01 poderia adquirir as “espículas” do vírus da Covid-19 e começar a infectar pessoas.
“Se um morcego com o vírus RhGB01 que encontramos fosse infectado com Sars-CoV-2, haveria o risco de que esses dois vírus se hibridizassem e um novo vírus emergisse com [a estrutura] do SARS-CoV-2, e assim se tornasse capaz de infectar pessoas”, disse à imprensa.
Os cientistas ainda ressaltaram a importância da proteção dos profissionais e de amadores que se aventuram em cavernas e florestas. É preciso o máximo cuidado com equipamentos de proteção contra fezes de morcegos.
Fonte(s): Scientific Reports / UEA Imagens: Reprodução / Shutterstock