Há uma consciência geral de que, atualmente, a China e seu enorme setor industrial gerem mais emissões de carbono do que qualquer outro país, e por isso boa parte da nação enfrenta graves problemas com fumaça tóxica e poluentes atmosféricos. Mas de acordo com um novo estudo, para saber o que causa o maior impacto no planeta, é preciso olhar para os principais fatores de influência, como a indústria e a agricultura.
A partir dessa perspectiva, os pesquisadores concluíram que os consumidores domésticos são, de longe, os maiores poluidores no planeta. Em outras palavras, antes de começar a culpar países inteiros pelo estado do planeta, primeiramente é preciso olhar para os nossos próprios hábitos de consumo.
“Se você olhar com base no consumo per capita, os danos ambientais chineses são pequenos. Eles produzem uma grande quantidade de produtos, mas exportam a maioria. É diferente colocar a responsabilidade desses impactos sobre o consumidor, e não no produtor”, disse a pesquisadora Diana Ivanova, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Em sua análise, publicada no Journal of Industrial Ecology, os pesquisadores examinaram o impacto ambiental dos consumidores em 43 países e 5 regiões do mundo.
Ao medir “impactos secundários” – os efeitos ambientais de produção dos bens e produtos que compramos todos os dias -, os pesquisadores disseram que os consumidores são responsáveis por mais de 60% das emissões de gases de efeito estufa do mundo, e por até 80% do uso global de água. “Nós gostamos de colocar a culpa em alguém, seja no governo ou em empresas. Mas entre 60 e 80 por cento dos impactos sobre o planeta são provenientes do consumo das famílias. Se mudarmos nossos hábitos de consumo, isso teria um efeito drástico sobre a nossa pegada ambiental”, disse Ivanova.
Ao analisar os impactos dos consumidores com base no local onde vivem, os pesquisadores encontraram um padrão: quanto mais rico um país, mais seus habitantes consomem, provocando maior impacto no planeta. Os alimentos possuem papel fundamental, sendo que as nações ricas comem mais carne, produtos lácteos e alimentos processados – que possuem enorme impacto sobre os recursos de terra e água.
Na análise dos pesquisadores, os EUA possuem o pior desempenho quando se trata de emissões de gases de efeito de estufa per capita, com uma pegada de carbono equivalente a 18,6 toneladas de CO2. Luxemburgo vem em segundo lugar, com 18,5 toneladas, seguido pela Austrália, com 17,7 toneladas. Por outro lado, a pegada de carbono per capita da China é de apenas 1,8 toneladas de CO2, e a média global é de 3,4 toneladas.
Segundo os autores, as duas maneiras mais fáceis de reduzir o impacto ambiental seriam interrompendo o consumo de carne e reduzindo as compras desnecessárias. “As famílias têm um grau relativamente elevado de controle sobre seu consumo, mas elas muitas vezes não têm informações precisas sobre como melhorar seu próprio desempenho ambiental. Qualquer atividade em que tivermos as opções de comprar um produto ou utilizar um serviço, o serviço terá muito menos impacto”, explicou Ivanova.
[ Gemini ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]
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