Japão: conheça Lala, um pinguim de estimação que andava por toda a cidade carregando uma pequena mochila

de Merelyn Cerqueira 0

Em 1996, um programa chamado Real TV (1996-2001) foi ao ar mostrando uma história que comoveu milhares de corações.

Tratava-se de Lala, um pinguim-rei que vivia como animal de estimação da família Nishimoto, em uma pequena cidade japonesa chamada Shibushi. A história é comovente porque mostrava as intrépidas viagens da ave pelos mercados da cidade atrás de peixes para colocar em uma pequena mochila (em forma de pinguim) que ela utilizava em suas costas.

O programa mostrou o que seria um dos primeiros exemplos de história que se tornaria viral na internet. No entanto tratava-se apenas de uma reportagem muito ruim de televisão que levantou diversas dúvidas em todo o mundo, como por exemplo, como Lala chegou ao Japão e se isso significava que todos nós seríamos capazes de possuir pinguins adoráveis e domesticáveis dentro de nossas casas. Felizmente, agora, essas dúvidas foram respondidas.

Para começar, diferente do que alguns relatórios afirmavam, Lala não foi capturada por Yukio, chefe da família Nishimoto, durante uma viagem de pesca que é mostrada no vídeo. Essa história é falsa, porém, não totalmente infundada. De fato, cerca de 10 anos antes do vídeo ir ao ar, Yukio ficou admirado por um pinguim empalhado que ele viu com um amigo pescador.

Como se sabe, a maioria dos pinguins vive na Antártica, porém, algumas aves são conhecidas por cruzarem as águas ao redor da África do Sul e Austrália, o que faz da história de Lala, um feito não exatamente inédito. Lala chegou até Yukio através desse amigo, que em uma de suas viagens de pesca, o capturou ferido em sua rede. No entanto, ao invés de lançar a ave de volta para o mar, para que virasse alimento de tubarões, o pescador entregou-a Yukio, dizendo que quando o animal morresse, ele poderia empalhá-lo.

Porém, Lala se recuperou e cresceu rapidamente, graças aos cuidados da família Nishimoto. A família acabou construindo uma sala refrigerada para o pinguim, após uma tentativa fracassada de devolvê-lo ao mar (ele se recusou a ir embora). Sendo assim, Yukio organizou um sistema com os comerciantes locais para proporcionar a alimentação de Lala – daí a mochilinha para carregar os peixes – e deu-lhe um espelho para que ele não se sentisse tão solitário. Após a exibição do documentário pela Real TV, o pinguim ficou famoso e a família recebeu diversas ofertas de vendas, todas rejeitadas.

Quando chegou em Shibushi, Lala já tinha cerca de 14 anos de idade e mofo em seus pulmões. Como um pinguim-real, em seu habitat natural, é capaz de viver cerca de 30 anos, é bem provável que Lala, 19 anos depois de o vídeo ter ido ao ar, já tenha morrido, embora alguns relatos informem que o pinguim tenha sobrevivido ao terremoto que assolou o Japão em 2011.

No entanto, não existem provas concretas sobre o destino de Lala, senão a palavra de Yukio, que insistiu em relatórios, que decidiu não empalhar a ave, mas sim dar-lhe um funeral apropriado.

Contudo, se, depois de ouvir a história de Lala, você está pensando em adquirir um pinguim, saiba que eles são considerados pássaros exóticos, portanto, sua domesticação é proibida na maioria dos países. Mesmo que você consiga uma autorização especial para possuir um pinguim, o custo de um habitat artificial pode chegar a mais de 40 mil reais, enquanto que a ave pode custar cerca de 4 mil, sem contar a sua alimentação. Sendo assim, se você realmente quer se “conectar” a um pinguim, a melhor forma é “adotá-los” em zoológicos. Algumas instituições americanas permitem que você, após pagar uma quantidade de dólares para as despesas, possa garantir alguns direitos de visitação sobre um pinguim, além de permitir que profissionais capacitados tomem conta do bicho com muito mais cuidado. 

[ Modern Notion ] [ Foto: Reprodução / You Tube ]

Jornal Ciência