Usina nuclear à prova de colapso está sendo construída na China e ficará pronta em 2017

de Bruno Rizzato 0

China anunciou a construção de uma usina nuclear imune ao colapso que ficará pronta em 2017. Possuindo dois reatores gêmeos de 105 megawatts de última geração, a usina não depende de sistemas complexos externos para regular sua temperatura – assim como o tipo que falhou em Fukushima – e, em teoria, deverá nunca ter problemas de superaquecimento.

Embora a tecnologia por trás do reator tenha se originado na Alemanha há décadas, esta é a primeira vez que o projeto será construído em escala comercial em outro lugar do mundo. Se a China conseguir realizar o projeto, a tecnologia poderia ser usada para fornecer segurança energética, com muito menos emissões de gases de efeito estufa do que os combustíveis fósseis.

O reator está sendo construído na província de Shandong, ao sul de Pequim, e a construção está quase concluída, de acordo com Zhang Zuoyi, diretor do Instituto Nuclear e de Nova Energia Tecnológica, na China. A próxima etapa envolve testes de 18 meses e carregamento de combustível antes dos reatores entrarem em ação – em novembro de 2017. Caso funcione, a nova fábrica vai gerar 210 megawatts de energia.

A China está pronta para investir tudo em sua tecnologia, com uma instalação de 600 megawatts já prevista na província de Jiangxi. A China também anunciou planos para vender os reatores a nível internacional, com um acordo em vigor para a construção de um na Arábia Saudita. “Esta tecnologia estará no mercado mundial dentro dos próximos cinco anos. Estamos desenvolvendo esses reatores para o mundo”, disse Zhang, em entrevista ao MIT Technology Review.

Como funcionam os reatores?

Reatores nucleares sustentam uma reação conhecida como fissão nuclear – os átomos são divididos em nêutrons menores e núcleos. Apesar de ser um processo muito eficiente, eles também produzem resíduos nucleares radioativos perigosos, havendo risco de um colapso catastrófico.

Quando uma crise acontece, acontecem vazamentos de resíduos nucleares no ambiente, tornando a área circundante imprópria e improdutiva por décadas, que é o que aconteceu com Chernobyl e Fukushima, por exemplo. Tal risco é a principal razão pela qual muitos países estão deixando a energia nuclear de lado, buscando uma energia renovável segura, como as energias eólica e solar.

Usina imbatível!

Porém, o novo reator evita colapsos de duas maneiras. Em primeiro lugar, o combustível de urânio é envolto em esferas de grafite, aproximadamente do tamanho de bolas de tênis – seixos – o que significa que o combustível não pode explodir, mesmo se a temperatura ultrapassar um determinado limite. Mas, mais importante, o reator é constantemente soprado com gás hélio para manter o sistema funcionando a 950 graus Celsius.

“Tais reatores de alta temperatura são imunes ao colapso, porque não exigem sistemas externos de refrigeração do tipo que falhou em Fukushima, no Japão, em 2011. O revestimento de grafite protege o combustível, mesmo a temperaturas muito além das encontrados no núcleo do reator durante a operação, uma vez que a temperatura no interior ultrapasse um certo limiar, as reações nucleares diminuiriamm, causando o arrefecimento do reator”, escreveu Richard Martin em um artigo para o MIT Technology Review.

Resíduos nucleares ainda são um problema com este sistema, mas os seixos também melhoram a eliminação do urânio. O objetivo da China é reciclar os resíduos liberados. O maior desafio com este tipo de reator é o custo envolvido, dificultando a produção em escala comercial. “Há estudos que indicam que, caso os reatores sejam produzidos em massa, os custos são reduzidos. O mercado chinês é grande o suficiente para tornar isso possível”, disse Charles Forsberg, diretor executivo da área de combustível nuclear do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). *Imagem ilustrativa!

[ Science Alert / Technologyreview] [ Foto: Reprodução / Fatos ]

Jornal Ciência