Saiba por que perder um cão pode ser mais doloroso do que perder um parente

de Julia Moretto 0

Perder um animal de estimação é uma dor que só quem já passou realmente entende. Já para outras pessoas esse sentimento não pode ser compreendido, pois na cabeça delas é “apenas um cão”.

Muitas pessoas relatam que a perda de um cão é pior do que a perda de um amigo ou parente. Com isso, uma pesquisa confirmou que para a maioria das pessoas, a perda de um cão é, em quase todos os sentidos, comparável à perda de um humano amado.

Infelizmente, há pouco na nossa cultura – rituais de luto, obituário no jornal local, serviço religioso – para nos ajudar a superar a perda de um animal de estimação e isso pode nos deixar envergonhados em expor a tristeza.

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Talvez se as pessoas percebessem quão forte o vínculo é entre as pessoas e seus cães, tal dor seria mais aceita.

Vínculo interespécie

Por que somos tão próximos dos cães? Para começar, os cães tiveram de se adaptar a viver com humanos nos últimos 10.000 anos. Eles são os únicos animais que evoluíram especificamente para serem nossos companheiros e amigos.

O antropólogo Brian Hare desenvolveu a “Hipótese de Domesticação” para explicar como os cães se transformaram de seus ancestrais – lobos – nos animais socialmente qualificados de hoje.

Talvez uma das razões pelas quais nossos relacionamentos com cães possam ser ainda mais satisfatórios do que nossos relacionamentos humanos é que os cães nos fornecem feedback incondicional e positivo.

Isso não é um acidente. Eles foram selecionados por gerações para prestar atenção às pessoas. Exames de ressonância magnética mostram que os cérebros de cães respondem aos elogios de seus donos tão fortemente quanto à comida – e para alguns cães, o elogio é um incentivo ainda mais eficaz do que o alimento.

Os cães reconhecem as pessoas e podem aprender a interpretar estados emocionais humanos de acordo com expressão facial.

Estudos científicos também indicam que os cães podem entender as intenções humanas, tentar ajudar seus proprietários e até mesmo evitar pessoas que não cooperam com seus donos.

Não surpreendentemente, os seres humanos respondem positivamente a tanta afeição, assistência e lealdade. Basta olhar para os cães para sorrirmos. Proprietários de cães são mais felizes em comparação aos donos de gatos ou a quem não possui animais de estimação.

Membro da família

Nosso forte apego aos cães foi sutilmente revelado em um estudo recente de “misnaming”. Misnaming ocorre quando você chama alguém pelo nome errado, um exemplo é quando você, por engano, chama um dos seus filhos pelo nome de um irmão.

Acontece que o nome do cão da família também se confunde com os membros da família humana, indicando que o nome do cão está sendo retirado do mesmo conjunto cognitivo que contém outros membros da família.

A psicóloga Julie Axelrod apontou que a perda de um cão é dolorosa porque os donos não estão apenas perdendo o animal de estimação.

Ela poderia significar a perda de uma fonte de amor incondicional, um companheiro primário que proporciona segurança e conforto, e talvez até um ser protegido que tenha sido cuidado como uma criança.

A perda de um cão também pode atrapalhar seriamente a rotina diária do dono mais profundamente do que a perda da maioria dos amigos e parentes.

Para os proprietários, suas programações diárias – mesmo seus planos de férias – podem girar em torno das necessidades de seus animais de estimação. Mudanças no estilo de vida e rotina são algumas das principais fontes de estresse.

De acordo com uma pesquisa recente, muitos proprietários de animais até interpretarão equivocadamente visões e sons como movimentos e gemidos do animal falecido. Isto é mais provável de acontecer pouco depois da morte do animal de estimação, especialmente entre os proprietários que tinham níveis muito elevados de apego aos seus pets.

Fonte: IFL Science Fotos: Reprodução / Pixabay / Domínio Público

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