Rússia acidentalmente acionou uma arma biológica durante a Guerra Fria

de Merelyn Cerqueira 0

Durante a Guerra Fria, período de disputas estratégicas e indiretas entre EUA e URSS, governos de ambos os países criaram uma série de agentes biológicos, incluindo patógenos animais e vegetais que poderiam destruir colheitas e gado dos inimigos. Logo, enquanto acredita-se que a maioria desses estoques já tenha sido destruída, alguns foram enterrados no gelo, de acordo com informações da Boredom Therapy.

Em 1979, quando cientistas examinaram os efeitos de um surto de antraz em Yekaterinburg (Ecaterimburgo), na Rússia, foi publicado um estudo que indicava traços preocupantes de uma arma que seria capaz de causar danos catastróficos.

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Assim, após peneirar vestígios de esporos bacterianos preservados no clima gelado da região, pesquisadores da Universidade de North Arizona se depararam com algo assustador. Eles não somente confirmaram a presença de antraz, como também de uma estirpe que havia sido geneticamente manipulada para uso em guerras biológicas.

Supunha-se que, no evento de 1979, os esporos de antraz haviam vazado de um filtro de ar quebrado de uma instalação soviética que supostamente realizava manipulações genéticas durante a Guerra Fria, o chamado Military Compound 19. Nesse caso, o vazamento levou à morte de 66 pessoas, enquanto as autoridades tentavam culpar uma “carne de má qualidade” vendida no mercado negro.

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No entanto, os pesquisadores descobriram que a estirpe em questão era um tipo que já havia ocorrido na natureza, quando ainda não tinha sido modificada geneticamente. Também fazia parte de um estoque de células-mestre alteradas da instalação e que poderiam ser usadas como armas biológicas.

Conforme informado pelos cientistas, a descoberta foi feita por meio da identidade genômica do material. O método pode ser usado para rastreamento forense de armas em uma escala global, além de prover informações para futuras investigações sobre o antraz.

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Mais recentemente, uma outra estirpe de antraz foi descoberta na Sibéria, congelada em cadáveres de renas mortas há 75 anos e, graças aos efeitos do aquecimento global, liberadas da permafrost que está descongelando.

A existência de tais cepas é um sinal de alerta para a Convenção sobre Armas Biológicas, um tratado multinacional que visou interromper a produção desse tipo de armamento. Agora, se essa seria uma forma que os governos encontraram de encobrir evidências de uma “carne de má qualidade” nós ainda não sabemos.

[ Boredom Therapy ] [ Fotos: Reprodução / Boredom Therapy ]

Jornal Ciência