Rosetta fotografou mudanças no cometa 67P durante sua viagem pelo Sistema Solar

de Julia Moretto 0

Em agosto de 2014, a Agência Espacial Europeia fez história ao colocar com êxito sua espaçonave Rosetta em órbita ao redor do Cometa 67P durante sua mais recente viagem pelo Sistema Solar.

Rosetta terminou sua missão ao aterrissar no cometa no ano passado, mas imagens capturadas durante seus dois anos em órbita revelaram que a superfície do cometa mudou mais rapidamente do que o esperado. 

Quando o cometa 67P ficou próximo do Sol, Rosetta viu três eventos estranhos na superfície: as inclinações que recuam tão rapidamente quanto 5.4 metros (17.7 pés) por dia, um pedregulho do tamanho de um caminhão que rola e o colapso de um penhasco de 100 metros – as primeiras imagens de uma avalanche jamais capturada em um cometa.

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Os pesquisadores sempre suspeitaram que a superfície de um cometa ficasse volátil à medida que se aproximasse do Sol, mas esta é a primeira vez que conseguiram coletar provas substanciais de que isso aconteceu. 

“À medida que os cometas se aproximam do Sol, eles exibem mudanças espetaculares em sua superfície”, disse o pesquisador principal Ramy El-Maarry, membro da equipe da Rosetta.

“Isso é algo que não conseguimos realmente apreciar antes da missão Rosetta, que nos deu a chance de ver um cometa em alta resolução por mais de dois anos”.

Como a maioria dos cometas, 67P tem uma órbita elíptica, o que significa que gasta a maior parte de seu tempo nas profundidades congeladas do Sistema Solar externo. 

A cada seis anos, o cometa viaja através do Sistema Solar interno, permitindo que os raios do Sol comecem a aquecer o gelo próximo da sua superfície – geralmente o transformando em vapor, o que pode causar explosões enormes e imprevisíveis.

Com base nas imagens de Rosetta, a equipe acredita que o processo de aquecimento seja mais complexo do que imaginavam anteriormente. Uma das coisas mais dramáticas que viram foi o colapso de um enorme penhasco, provocando um deslizamento de terra que expôs parte do corpo interior do 67P.

A equipe pensa que esse colapso foi causado por uma grande saída de gás provocada pelos raios do Sol que aquecem o conteúdo de água do cometa.

As imagens fornecem a primeira evidência substancial de que essas explosões de gás podem causar avalanches em um cometa. 

No começo das observações de Rosetta, havia uma rachadura medindo 487 metros. Mas em dezembro de 2014, houve o aumento de 30,5 metros na largura. As imagens tiradas em junho de 2016 mostraram uma nova fenda de 150 a 304 metros em paralelo à original.

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“A grande fenda estava no pescoço do cometa, uma pequena parte central que conecta os dois lados”, disse El-Maarry. “A rachadura se estendeu, indicando que o cometa pode se separar um dia”. 

Em vez de explosões de gás, a equipe acha que essas rachaduras foram formadas como resultado do cometa girar mais rápido à medida que se aproximava do Sol – outro fenômeno estranho documentado por Rosetta.

Uma das mudanças mais dramáticas no cometa foi o deslocamento de um enorme pedregulho na região de Khonsu no maior dos dois lóbulos do cometa.

As imagens de Rosetta mostraram uma formação do tamanho de um caminhão e pesando 12.800 toneladas movendo cerca de 140 metros – a medida de mais de um campo e meio de futebol. 

“O movimento poderia ter sido desencadeado de duas maneiras: ou o material sobre o qual estava sentado corroeu, permitindo que ele rolasse para baixo, ou uma explosão poderosa poderia o ter levado diretamente para o novo local”, explica um comunicado de imprensa da ESA.

Ainda temos muito a aprender sobre como os cometas mudam à medida que se aproximam do Sol – informações que serão cruciais se alguma vez quisermos aterrissar com segurança e até mesmo minerar cometas. Mas graças a Rosetta, agora temos uma ideia melhor de quão volátil a paisagem pode ser, e o que causa algumas das mudanças mais dramáticas.

A pesquisa foi publicada na Science e foi apresentada esta semana na Conferência das Ciências Lunares e Planetárias de 2017, no Texas.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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