Pela primeira vez, astrônomos observaram estrela anã branca destruindo um objeto similar a um cometa

de Gustavo Teixera 0

Astrônomos observaram algo inesperado acontecendo no espaço. Pela primeira vez, os pesquisadores viram uma estrela anã branca rasgando um objeto maciço, como um cometa, e espalhando seus restos através de sua atmosfera.

 

O objeto destruído tinha uma composição química muito semelhante ao cometa Halley, mas era 100.000 vezes mais maciço, levando os pesquisadores a o apelidarem de “irmão mais velho” do cometa.

 

Anãs brancas são estrelas incrivelmente densas que já foram semelhantes ao nosso Sol, mas agora desmoronaram em sua forma final, resultando num objeto estelar com uma massa comparável ao Sol embalado em um volume semelhante à Terra. Isso dá às anãs brancas o poder de puxar pela gravidade objetos que ficarem muito perto.

 

E embora não seja inédito que as estrelas destruam objetos rochosos e asteroides, esta é a primeira vez que os cientistas o viram devorar um objeto feito de material gelado semelhante a um cometa. A anã branca em questão é chamada WD 1425 + 540, e está localizada a cerca de 170 anos-luz de distância na constelação de Herdsman, ou Boötes.

 

O Telescópio Espacial Hubble passou a verificar sua atmosfera, quando encontrou evidências de que um objeto semelhante a um cometa maciço estava caindo sobre a estrela, sendo rasgado no processo. A Agência Espacial Europeia determinou que o cometa tinha uma composição muito semelhante ao cometa de Halley – o famoso cometa visto da Terra a cada 75 anos.

 

Ambos os objetos são ricos em elementos essenciais para a vida, incluindo carbono, oxigênio, enxofre e nitrogênio, mas o objeto que foi destruído era cerca de 100.000 vezes mais maciço.

 

Foi também o primeiro objeto rico em nitrogênio visto sendo destruído por uma anã branca. O nitrogênio é um elemento muito importante para a vida como a conhecemos“, disse Siyi Xu, pesquisadora líder do Observatório Europeu do Sul na Alemanha. “Este objeto particular é bastante rico em nitrogênio, mais do que qualquer objeto observado em nosso Sistema Solar”, completou Xu.

 

A equipe sugere que o corpo semelhante a um cometa teria se formado em uma órbita distante da sua estrela antes de ser lançado em um curso de colisão com a anã branca, potencialmente por outro planeta ou cometa no sistema.

 

Esta hipótese traz uma outra questão importante: ainda existe um cinto de gelo ao redor da estrela?

O desaparecimento prematuro deste objeto sugere que poderia ser o caso, e que será a próxima coisa que os pesquisadores procurarão. Essas são perguntas muito importantes a fazer, porque acredita-se que um dia o Sol também passará de uma estrela principal à anã branca.

 

E isso ajudará a saber se objetos no cinturão de Kuiper, que se estende além de Netuno, poderiam sobreviver à mudança. As novas descobertas agora fornecem evidências observacionais para apoiar a ideia de que os corpos gelados também estão presentes em outros sistemas planetários e sobreviveram ao longo da história da evolução da estrela“, explica um comunicado de imprensa do Hubble.

[ Science Alert / Space Telescope ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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