Nyos: a história do lago mortal que tirou a vida de 1.800 pessoas em poucos minutos

O lago Nyos foi responsável por um dos desastres naturais mais mortíferos da história do continente africano

de Thuany Motta 0

A noite de 21 de agosto de 1986 parecia ser como qualquer outra. Até que, por volta das 21h30, um barulho muito estranho foi ouvido no Lago Nyos, no noroeste de Camarões. E, em minutos, quase 1.800 pessoas morreram.

Naquela noite, o Lago Nyos expeliu um jato d’água de mais de 90 metros de altura que liberou dióxido de carbono e monóxido de carbono acumulados no fundo por centenas de anos. De acordo com a revista Mental Floss, uma nuvem de gás subiu aos céus, antes de descer por cima das colinas e alcançar os moradores.

Ao passar pelas cabanas, a nuvem quente de dióxido e monóxido de carbono sufocou quase todas as pessoas com quem entrou em contato, até finalmente se dissipar. O oxigênio que estava presente alguns momentos antes da tragédia foi temporariamente eliminado do ar, asfixiando os moradores.

O Lago Nyos era conhecido pelos habitantes como “o lago bom” por causa de sua água potável, mas naquela noite foi responsável por um dos desastres naturais mais mortíferos da história da África.

O evento de origem vulcânica, conhecido como Erupção Límnica — também chamada de Erupção Límbica — devastou humanos e animais em poucos minutos e até hoje é lembrado como um pesadelo. De acordo com a contagem de corpos realizada por especialistas, cerca de 1.800 corpos e 3.000 cabeças de gado foram encontrados.

Hoje, para evitar que a tragédia se repita, o Lago Nyos possui dispersores de dióxido de carbono em sua superfície e um sistema de encanamento para ajudar na liberação dos gases.

Quase 30 anos após o desastre, a população conseguiu voltar a ocupar as margens do lago, mas a preocupação com a geografia do território ainda persiste, pois os gases vibram sob as águas.

Os cientistas ainda não sabem o que desencadeou a erupção límbica: pode ter sido algo tão pequeno quanto uma pedra caindo na água ou uma forte rajada de vento.

Quando eles começaram a investigar, não demorou muito para que encontrassem erupções semelhantes. Dois anos antes, no Lago Monoun, a cerca de 95 quilômetros do Nyos, os residentes ouviram um grande estrondo.

Nas horas que se seguiram, 37 pessoas morreram misteriosamente e sem explicação aparente. Diante do ocorrido, essa foi a prova de que o problema era maior do que pensavam os pesquisadores e tudo poderia estar interligado com a liberação dos gases concentrados. 

Atualmente, os cientistas acreditam que apenas três lagos no mundo acumulam níveis tão letais de dióxido de carbono e monóxido de carbono em suas profundezas: Nyos, Monoun e Lago Kivu, na fronteira do Congo e Ruanda.

O Nyos e o Monoun já foram declarados seguros, mas o mesmo não aconteceu com o Kivu. Cerca de 2 milhões de pessoas vivem nos vales ao redor do lago, que é 1.700 vezes maior do que Nyos e duas vezes mais profundo. Os cientistas temem que uma nova tragédia sem precedentes possa ocorrer.

Fonte(s): Mental Floss / IFLScience Imagens: Reprodução / Voa News / Unilad

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