Nuvens fora do Sistema Solar são feitas de rubi e safira, segundo cientistas

de Merelyn Cerqueira 0

Em um estudo publicado pela Nature Astronomy, cientistas disseram ter detectado em um gigantesco planeta gasoso, 500 vezes mais maciço do que a Terra e localizado muito além de nosso Sistema Solar, sistemas meteorológicos de longo prazo que sugerem que suas nuvens e seus ventos violentos sejam feitos de minerais de coríndon – a base para a formação de rubis e safiras, de acordo com informações da Science Alert.

As temperaturas diurnas do planeta, chamado HAT-P-7b, podem atingir 2.500° C, caracterizando o que o pesquisador David Armstrong, da Universidade de Warwick, Inglaterra, chamou de “verdadeiro inferno”. Segundo ele, os ventos ali podem ter uma certa tonalidade. No entanto, até que se saiba mais sobre a composição do planeta, nenhuma cor pode ser definida com precisão.

Localizado na constelação Cygnus e a mais de 1.000 anos-luz da Terra, o planeta é conhecido como um “Júpiter quente” – uma subclasse de gigantes gasosos que são semelhantes em tamanho, massa e composição a Júpiter. Porém, porque orbitam muito próximo à suas estrelas, abrigam uma superfície muito quente.

No ano passado, cientistas haviam feito um mapa meteorológico em um sistema quente e gasoso semelhante a HAT-P-7b, chamado HD 189733b, e localizado na constelação Vulpecula, a 63 anos-luz de distância. Para o planeta HAT-P-7b, as observações dos sistemas meteorológicos foram feitas em um período de quatro anos, o que deu aos cientistas um olhar ainda mais detalhado em relação às condições climáticas do lugar.

De acordo com Hannah Wakeford, do Goddard Space Flight Center, da NASA, que não esteve envolvida no estudo, com o cronograma de quatro anos, podemos começar a olhar com maior profundidade para esses planetas. “Nossa plena compreensão sobre eles e as nuvens em suas atmosferas está apenas começando”, disse em entrevista à New Scientist.

A princípio, a equipe sugeriu dois candidatos prováveis para a composição das nuvens: o corindo, uma forma cristalina de óxido de alumínio que forma rubis e safiras; e perovskita, um mineral de óxido de titânio e cálcio utilizado na construção de células solares. “Há material suficientemente disponível para formar uma nuvem opticamente espessa de corindo, mas é menos provável para a perovskita, principalmente porque o alumínio é mais abundante do que o titânio”, disse a equipe acrescentando que a suposição não exclui completamente a perovskita, apenas faz do corindo o candidato mais provável.

Após analisar dados do telescópio Kepler, da NASA, os pesquisadores puderam monitorar as variações de intensidade de luz à medida que o planeta orbitava sua estrela. Tal ação forneceria uma ideia maior sobre prováveis condições climáticas. As mais significativas foram as relacionadas ao brilho e calor do local, com o ponto mais brilhante mudando de localização durante todo o dia. Enquanto às vezes esse ponto era situado no “lado da manhã” do planeta, em outras ocasiões se dirigia para o “lado da tarde”.

De acordo com Armstrong, esse deslocamento de brilho pode ocorrer em razão da cobertura de nuvens espessas que são puxadas ao redor do planeta por um jato de vento equatorial que viaja a vários quilômetros por segundo. Como HAT-P-7b ainda tem um lado frio, as nuvens se condensam nessa parte, fazendo com que as diferenças de temperatura criem os velozes ventos que as empurram em direção ao lado quente, onde evaporam.

A equipe agora planeja seguir com a investigação sobre os padrões climáticos de HAT-P-7b e em breve poderá fornecer uma referência mais concreta sobre a aparência das nuvens de minerais do local.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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