NASA pode ter resolvido um dos mais antigos mistérios do Sol

de Gustavo Teixera 0

Imagens de um observatório espacial da NASA estão ajudando a resolver um mistério que intriga cientistas desde a década de 1940: por que a atmosfera exterior do Sol é mais quente do que a superfície visível?

Não estamos falando de uma pequena diferença de temperatura. Na superfície visível do Sol, há uma temperatura de cerca de 5.500 graus Celsius (ou 9.932º F) enquanto que na parte superior da coroa, a temperatura é cerca de 200 a 500 vezes mais quente. Agora, com base em observações da missão chamada Interface Region Imaging Spectrograph, ou IRIS, pesquisadores da NASA acham que a coroa seja parcialmente aquecida por “bombas de calor” causadas por explosões de energia nos campos magnéticos que cruza a coroa.

Isso também poderia dizer se a coroa é aquecida uniformemente de uma só vez, ou em pedaços separados que rapidamente se espalham pela atmosfera superior – o que é algo que os cientistas acreditam desde que o calor intenso da coroa foi descoberto. IRIS faz com que descobrir isso seja mais fácil, pois é capaz de analisar a região de transição solar, que é a área entre a superfície do Sol e a coroa, e pode medir o movimento do gás quente em detalhes inéditos.

Como a IRIS pode resolver a região de transição 10 vezes melhor do que os instrumentos, pudemos ver o material quente correndo para cima e para baixo nos campos magnéticos na coroa baixa”, explica a pesquisadora Paola Testa, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Isso é compatível com modelos da Universidade de Oslo, em que a reconexão magnética desencadeia bombas de calor na coroa”, completou. A reconexão magnética, quando o calor e a energia são liberados, é também responsável por outros fenômenos, como as chamas solares. Desde o seu lançamento em 2013, o IRIS, que funciona como uma lupa para estudar as bordas da atmosfera do Sol, deu-nos uma visão melhor do que está acontecendo com esse tipo de atividade solar.

Anteriormente, os pesquisadores usaram imagens do IRIS para encontrar evidências de pequenas chamas solares – chamadas nanoflares – quando o Sol libera energia, enviando plasma quente e o quebrando em sua atmosfera superior. Essas observações foram apoiadas por dados enviados por outro satélite da NASA, o Espectrograma de Incidência Normal Ultravioleta Extrema, ou EUNIS.

Agora podemos adicionar a atividade explosiva de campos magnéticos à mistura também, graças novamente aos olhos afiados de IRIS. Uma maneira pela qual a nova pesquisa poderia nos ajudar aqui na Terra é dando uma ideia melhor de quando as tempestades solares podem aparecer – eventos que podem causar sérios danos em nosso Planeta, quando poderosas ejeções de energia solar chegam ao campo magnético da Terra.

A investigação sobre a fusão nuclear também depende de uma compreensão profunda do funcionamento do Sol. Se quisermos desenvolver esta fonte de energia limpa, segura e quase ilimitada, precisamos saber mais sobre as reações químicas que acontecem no Sol. O físico solar Bart De Pontieu, do Laboratório Solar & Astrofísica da Lockheed Martin, disse que a tecnologia da IRIS continuará fornecendo dados muito melhores do que os que cientistas conseguiam com outros equipamentos.

O problema de aquecimento coronal envolve uma variedade de complexos processos físicos difíceis de medir diretamente ou capturar em modelos teóricos”, disse De Pontieu. Confira o vídeo em inglês da NASA que explica o aquecimento coronal com maiores detalhes:

As descobertas foram publicadas no The Astrophysical Journal.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / NASA ] 

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