Tempestade geomagnética atingirá a Terra hoje após “buraco no Sol” expulsar massa a 2,9 milhões de km/h

A tempestade ocorrerá após um “buraco” na atmosfera do Sol (cromosfera e a coroa) expulsar ventos de altíssimas velocidades que se chocarão com o campo magnético terrestre

de Redação Jornal Ciência 0

Uma tempestade solar atingirá hoje, quarta-feira (03/08), o planeta Terra após um “buraco” na atmosfera solar liberar ventos de massa coronal de altíssimas velocidades que atingirão o campo magnético terrestre.

Apesar disso, a tempestade geomagnética foi classificada como G-1, o que significa de menor intensidade, mas que poderá nos proporcionar lindos registros de auroras boreais, por exemplo.

Meteorologistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e do Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC), ambas dos EUA, fizeram a previsão depois de observar que “um material gasoso está fluindo de um buraco sul na atmosfera do Sol”, em declaração pública.

Este material gasoso, ao entrar em choque com a nossa atmosfera, pode causar interrupções temporárias em satélites que transmitem dados, como internet, TV, rádio, redes elétricas, dispositivos móveis e sistemas GPS.

 A NOAA classifica as tempestades solares em 5 categorias. A tempestade de hoje está na categoria 1, sendo a mais fraca que poderíamos enfrentar — o que é um alívio, já que tempestades solares de maior intensidade podem danificar ou destruir sistemas eletrônicos.

Estes buracos coronais na atmosfera superior do Sol possuem gás eletrificado ou plasma. São nestes buracos que as linhas do campo magnético do solar, em vez de voltarem para si mesmas, acabam sendo expulsas para o espaço.

Isso faz com que o material solar seja expelido a uma velocidade de até 2,9 milhões de km/h. A tempestade geomagnética de hoje deverá formar auroras nos céus do Canadá, Alasca e em outros pontos do planeta, como a Finlândia.

O que está acontecendo com o Sol?

O Sol está atingindo o pico de seu ciclo de 11 anos, o que significa que haverá um aumento na frequência de erupções solares em direção à Terra.

“Esses tipos de tempestades não são raros. Isso porque o Sol tem um ciclo de 11 anos, com períodos de mais ou menos atividade, e no momento existe mais atividade”, disse astrofísico da Universidade Nacional Australiana, Dr. Brad Tucker, à 7News.

“Embora a interrupção dessa tempestade de hoje, em particular, deva ser mínima, nos preocupamos com as tempestades maiores, que resultam em interferência de satélite. E isso é uma preocupação porque, obviamente, temos muitos satélites na Terra”, complementou.

Na semana passada, Nicola Fox, Diretora da Divisão de Heliofísica, da NASA, disse que o Ciclo Solar 25 começou em dezembro de 2019, dando início as tempestades solares desenfreadas que irão continuar e aumentar.

“Os eventos solares continuarão a aumentar à medida que nos aproximarmos do Máximo Solar em 2025, e nossas vidas e tecnologia na Terra, bem como satélites e astronautas no espaço, serão impactados”, disse Nicola Fox, demonstrando preocupação futura com alguns dispositivos eletrônicos que poderão ser danificados.

Tempestades geomagnéticas mais extremas podem perturbar o campo magnético do nosso planeta com força suficiente para danificar de forma permanente satélites, redes elétricas, internet e diversos dispositivos que usamos no cotidiano.

Essa massa, expulsa pelo Sol, é chamada de ejeção de massa coronal e leva de 5 a 18 horas para chegar à Terra, informou a Space Weather Prediction Center.

Ciclos do Sol

Os astrônomos sabem desde 1775 que a atividade solar aumenta e diminui em ciclos, mas recentemente, o Sol tem sido mais ativo do que o esperado, com quase o dobro das aparições de manchas solares previstas. Os cientistas antecipam que a atividade do Sol aumentará constantemente nos próximos anos, atingindo um máximo em 2025, antes de diminuir novamente.

Um artigo publicado em 20 de julho na revista Astronomy and Astrophysics propôs um novo modelo para a atividade do Sol contando separadamente as manchas solares em cada hemisfério — método que os pesquisadores do artigo argumentam que poderia ser usado para fazer previsões solares mais precisas.

Os cientistas pensam que a maior tempestade solar já testemunhada durante a história contemporânea foi o Evento Carrington, em 1859, que liberou aproximadamente a mesma energia que 10 bilhões de bombas atômicas de 1 megaton.

Depois de bater na Terra, o poderoso fluxo de partículas solares, literalmente, fritou os sistemas de telégrafo em todo o mundo e fez com que auroras mais brilhantes do que a luz da lua cheia aparecessem até ao sul do Caribe.

Se um evento semelhante acontecesse hoje, alertam os cientistas, isso causaria trilhões de dólares em danos e desencadearia apagões generalizados. Algo semelhante ocorreu em 1989, quando o Sol liberou uma nuvem de gás de bilhões de toneladas e causou um apagão em toda a província canadense de Quebec, de acordo com a NASA.

Fonte(s): LADBIBLE / Live Science Imagens: Reprodução / LADBIBLE

Jornal Ciência