O governo dos EUA decidiu suspender uma regra que estava em vigor há três anos que proibia o uso de vírus mortais em experimentos laboratoriais.
O argumento fornecido fala sobre potenciais benefícios que superam todos os risos. Com a permissão, agora os cientistas poderão manipular espécies de vírus responsáveis por condições como gripe, Sars (síndrome respiratória aguda grave) e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio). As informações são da BBC Brasil.
A proibição em questão foi imposta em 2014 após violações de segurança em testes envolvendo bactérias responsáveis pelo antraz e gripe aviária.
Na ocasião, em julho do mesmo ano, 75 funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) tiveram que receber tratamentos em razão de suspeitas de contaminação. No mês seguinte, frascos de vírus da varíola foram encontrados em uma caixa de papelão em frente a um centro de pesquisa em Washington.
Embora a permissão tenha sido concedida, para conduzir cada uma dessas pesquisas os cientistas precisarão demonstrar um estudo “eticamente justificável”. Isso significa que um comitê científico terá que revisar cada projeto para conceder sinal verde para testes. Logo, isto só acontecerá se o comitê determinar que não haja outras formas seguras de conduzir a pesquisa.
Embora a decisão tenha efeitos positivos para a ciência, ela obviamente já conseguiu sua parcela de críticos.
Estes argumentam que a decisão não eliminará os riscos de uma pandemia acidental. Por outro lado, quem apoia a media argumenta que muitos dos estados do EUA atualmente estão despreparados para um surto de um vírus mortal, o que caracteriza a necessidade de mais pesquisas para prevenção.
“Acredito que a natureza é bioterrorista, e nós precisamos fazer de tudo para estar um passo adiante“, disse à BBC, Samuel Stanley, presidente do Conselho Nacional de Ciência para Biossegurança, que estabeleceu diretrizes para as novas regras. “Pesquisas básicas com esses agentes feita por laboratórios já mostraram que é possível fazer isso com segurança”.
Segundo Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), o objetivo da permissão é implementar um rigoroso processo de segurança para que a NIH saiba que está fazendo pesquisas da forma correta.
Embora a decisão tenha agradado a maior parte dos cientistas, há quem discorde.
Segundo o epidemiologista Marc Lipsitch, da Universidade de Harvard, tais experimentos não melhorarão nossa preparação em relação a pandemias.
“Apenas criam riscos de uma pandemia acidental”, disse ele em entrevista à Nature, acrescentando que pelo menos o nível extra de controle necessário para a autorização das pesquisas é positivo.
Fonte: Metro Foto: Reprodução / Jornal Ciência