Conheça a “fábrica de suicídios” da Apple na China

de Merelyn Cerqueira 0

A fim de expor as condições insalubres dos funcionários da Apple na China, Brian Merchant, um repórter do The Guardian, recentemente publicou o livro: “The One Device: The Secret History of the iPhone” (“O dispositivo único: A história secreta do iPhone”, em tradução livre).

Nele, o autor descreve todo o complexo da “Foxconn City”, em Shenzhen, onde 18 funcionários tentaram suicídio, dos quais 14 foram bem-sucedidos. Com informações da Tecmundo e The Guardian.

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Hoje, o iPhone, embora tenha sido projetado na Califórnia (EUA), é feito em várias fábricas na China. Como se tornou um dos produtos mais vendidos do mundo, ele passou também a ser montado na emblemática fábrica da Foxconn, em Shenzhen, onde são empregadas cerca de 450 mil pessoas.

Agora, se você já ouviu falar na Foxconn, há uma boa chance de que tenha sido a respeito dos suicídios que ocorrem ali.

Merchant conversou com funcionários atuais e ex-trabalhadores da empresa. O que ele concluiu é que o local simplesmente “não é adequado para seres humanos”. As jornadas de trabalho são de 12 horas e o assédio moral é assíduo.

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Nos corredores da fábrica, crianças maltratadas, sujas e machucadas são vistas trabalhando intensamente, de modo que sequer sorriem ou falam.

Como os supervisores promovem um clima de controle e dominação, os funcionários não podem ficar à vontade. Em consequência, muitos são deixados em um estado de depressão ou à beira da loucura.

Em entrevista ao autor, um ex-funcionário identificado apenas como Xu revelou que, embora as tentativas de suicídio reportadas pelas autoridades somem 18, os números são muito maiores, com um pico definido em 2010.

Em 2012, cerca de 150 pessoas se reuniram no telhado de uma das fábricas da Foxconn e ameaçaram suicídio coletivo caso as condições de trabalho do local não melhorassem.

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Contudo, de acordo com Merchant, aparentemente a situação continua a mesma. Os funcionários ainda são obrigados a dormir no trabalho, onde chegam a dividir quartos pequenos com até oito pessoas.

O salário é baixo e o expediente ainda é maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Quando olho para as fotos que eu tirei, não consigo encontrar uma que tenha alguém sorrindo. Não parece uma surpresa que pessoas submetidas a longas horas de trabalho repetitivo e manejo severo possam desenvolver transtornos psicológicos”, escreveu ele. “Esse desconforto é palpável – está presente no próprio ambiente.” Como Xu disse: “Não é um bom lugar para seres humanos”.

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O livro de Merchant, que ainda não possui versão em português, pode ser encontrado nas lojas da Amazon

Fonte: The Guardian / Tec Mundo Fotos: Reprodução / The Guardian

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