Tubarão de 512 anos é agora o mais antigo vertebrado do planeta

Há 512 anos uma misteriosa criatura sobrevive nas águas escuras e congelantes do oceano subártico. Conhecido como Tubarão-da-Groenlândia, este animal de movimentos lentos é incrivelmente grande e, porque foi capaz de evitar o contato humano por mais de meio milênio, pouco sabemos sobre ele. No entanto, estudos recentes mostraram que o espécime pode ser o vertebrado vivo mais antigo da Terra.

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Copenhague, tentou determinar a idade de 28 diferentes Tubarões-da-Groenlândia. Segundo o pesquisador Julius Nielsen, principal autor do estudo, o mais antigo do grupo estudado poderia ter mais de 500 anos. Se confirmado, o espécime ganharia o título de animal mais antigo do mundo.

Anteriormente, o recorde foi registrado para um molusco islandês, do tipo quahog, e apelidado como Ming. Os cientistas verificaram que ele poderia ter 507 anos. No entanto, Ming acabou morrendo quando os cientistas resolveram abrir suas partes para estudá-lo.

Mas, o molusco não foi a primeira espécie descoberta que viveu mais de um século. Aparentemente, as criaturas no oceano costumam viver de maneira prolongada. No entanto, nada se compara ao Tubarão-da-Groenlândia. Verificar a idade de um animal não é uma tarefa fácil, especialmente um que viva de maneira tão misteriosa.

Os pesquisadores foram alertados sobre a possível longevidade do tubarão ao associar sua taxa de crescimento, de cerca de um centímetro por ano, ao fato de que eles são um dos maiores tubarões do planeta, podendo alcançar até 6 metros de comprimento.

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Aparentemente, tudo está relacionado com o ambiente frio que vivem. “Em temperaturas mais frias, o crescimento diminui e os peixes tendem a não envelhecer. Não é difícil imaginar que eles poderiam ter 200 ou 400 anos”, relatou Aaron Fisk, que estudou a espécie por 20 anos.

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Nielsen e sua equipe queriam testar essa hipótese, mas este era um trabalho muito difícil. Algumas espécies de peixes, como o salmão e o bacalhau, por exemplo, possuem os chamados otólitos, que são concreções de carbonato de cálcio presentes em estruturas do ouvido. Eles crescem de maneira sazonal e, portanto, são como os anéis que podem ser vistos no troco de uma árvore.

Esses “anéis” também permitem aos pesquisadores determinar a idade de um peixe. O problema, no entanto, é que o Tubarão-da-Groenlândia não possui otólitos e, por isso, os cientistas foram obrigados a se voltar para outra técnica. Eles descobriram que, com um pouco mais de trabalho, poderia determinar a idade por meio de um órgão. Todos os vertebrados possuem em seus olhos uma espécie de “lente” que continua a crescer durante toda a vida.

O núcleo dessa lente é formado antes do nascimento do animal, e é capaz de guardar uma assinatura química do meio ambiente em que a espécie estava antes do nascimento. Assim, por meio de uma técnica de radiocarbono na lente, eles conseguiram determinar a idade do tubarão.

A equipe de Nielsen então avaliou os níveis de radiocarbono de 25 tubarões, comparando-os com dados de até 50 mil anos. Os pesquisadores assumiram ainda que, quanto mais comprido o animal, mais velho ele era. Assim, determinaram que o tubarão mais longo, de quase 5 metros, tinha algo entre 272 e 512 anos.

Entretanto, outros biólogos marinhos não concordaram com os resultados do estudo, uma vez que não acreditam que o tamanho do tubarão possa determinar sua idade. Segundo o especialista Allen Andrews, estudos anteriores já tinham mostrado isso.

Nielsen, por outro lado, afirmou entender a preocupação dos cientistas, embora continue acreditando na pesquisa que sua equipe realizou. Ele lembrou ainda que os resultados do estudo oferecem apenas uma estimativa e não uma resposta definitiva. Novos dados e conclusões serão somados ao conhecimento atual quando estudos mais modernos forem realizados.

Fonte: LifeBuzz Fotos: Reprodução / LifeBuzz