Os cientistas uma variedade de sensores sísmicos do mundo para mapear o que está embaixo da superfície terrestre. Eles descobriram um reservatório não identificado de carbono derretido nos Estados Unidos, cobrindo uma área de 1,8 milhão de quilômetros quadrados.
A descoberta, que está localizada a cerca de 350 quilômetros abaixo dos Estados Unidos, desafia o que os pesquisadores acreditam ser a quantidade de carbono presa dentro do planeta. Acontece que há níveis maiores do que os previstos. O reservatório é muito profundo para que os pesquisadores possam chegar nele fisicamente, mas uma equipe da Universidade de Royal Holloway London usou uma vasta rede de 583 sensores sísmicos que captam vibrações estranhas geradas no manto superior da Terra para identificá-lo.
O manto superior é a camada que fica diretamente sob a crosta do nosso planeta e se estende até uma profundidade de cerca de 410 km. Dentro desta camada, as temperaturas podem variar de 500 a 900° C – perto da crosta – e podem atingir cerca de 4.000° C – no manto inferior mais próximo do núcleo central.
Esse calor está derretendo constantemente os carbonatos – um grande grupo de minerais como magnesita e calcita que contêm um íon carbonato específico. Este carbono fundido pode ser o responsável pela condutividade do manto. O processo de fusão também produz uma assinatura única de padrões sísmicos, que podem ser lidos por sensores na superfície, convertendo o movimento do solo em um sinal eletrônico.
Baseado no que esses sensores apresentaram, os pesquisadores suspeitam que o manto superior da Terra pode conter até 100 trilhões de toneladas métricas de carbono derretido – muito mais do que o esperado. A equipe acredita que o enorme reservatório de carbono poderia ter se formado quando uma das placas tectônicas que compõem o Oceano Pacífico foi forçada sob a parte ocidental dos EUA e forneceu mais combustível para o fogo do manto superior.
“Seria impossível perfurar mais baixo para ‘ver’ fisicamente o manto da Terra. Por isso, usando esse enorme grupo de sensores, temos que pintar um quadro dele usando equações matemáticas para interpretar o que está abaixo de nós“, diz um membro da equipe, Hier-Majumder.
Embora nada disso nos afete hoje, um dia pode nos afetar. Como explica Hier-Majumder, espera-se que o conteúdo do reservatório de carbono derretido vá lentamente para a superfície através de erupções vulcânicas. Essas erupções são como o carbono do nosso planeta entra na atmosfera – algo que normalmente não seria um problema, se já não estivéssemos emitindo cerca de 40 bilhões de toneladas do material a cada ano.
“Podemos não pensar na estrutura profunda da Terra associada à mudança climática, mas esta descoberta não só tem implicações para o mapeamento subterrâneo, mas também para a nossa atmosfera futura“, diz Hier-Majumder.
“A eliminação de apenas 1% desse CO2 na atmosfera será equivalente a queimar 2,3 trilhões de barris de petróleo, e a existência de tais reservatórios mostra a importância do papel da Terra no ciclo global do carbono“, completa. A pesquisa foi publicada em Earth and Planetary Science Letters.
[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ]