Nuvens “brilhantes” apareceram sobre a Antártida mais cedo do que o esperado

de Julia Moretto 0

Todos os anos, uma massa estranha de nuvens azuis brilhantes surge sobre a Antártida. Como a luz solar é refletida, camadas de cristais de gelo criam uma neblina brilhante que pode ser vista do espaço.

De acordo com novas imagens gravadas pela NASA, essas nuvens chegaram ao seu destino mais cedo do que o esperado neste ano. Cientistas estão lutando para explicar por que temos esse adiantamento de duas semanas. O fenômeno anual de nuvens noctilucentes – que brilham de noite – sobre o Polo Sul não é totalmente compreendido, mas parece estar ligado a mudanças sazonais que ocorrem em altitudes mais baixas. Através do o AIM (Aeronomy of Ice in the Mesosphere), a NASA rastreia os movimentos das nuvens. Elas podem ser vistas em ambos os hemisférios, porém seu brilho azul só aparece na Antártida durante os meses de novembro e dezembro.

Desde que a AIM começou a acompanhar seus movimentos, vimos que essas nuvens começam sua formação no Polo Sul no final de novembro ou início de dezembro. “Este ano, AIM viu o início da temporada em 17 de novembro – empatando com o início mais adiantado do registro da AIM do Hemisfério Sul”, registrou a NASA.

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Segundo os cientistas, esse fenômeno ocorreu devido à mudança sazonal em altitudes mais baixas no inverno e a mudanças do verão na Antártida, que baixaram a atmosfera, provocando uma série modificações.

Nuvens noctilucentes são as mais altas da Terra, localizadas a 80 km acima da superfície do Planeta em uma camada atmosférica chamada mesosfera, que fica entre a estratosfera e a termosfera. Elas são formadas pela poeira congelada de meteoros, o que evidencia que são feitas principalmente de cristais de gelo. Quando a luz solar é dispersa por estes cristais, cria um tom brilhante de azul acima da Terra.

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Nuvens noctilucentes vistas sobre Vantaa, na Finlândia em 2009. Crédito: Mika-Pekka Markkanen

Nuvens noctilucentes são um fenômeno relativamente novo”, disse Gary Thomas, professor da Universidade do Colorado. Elas foram vistas pela primeira vez em 1885, dois anos após a poderosa erupção do Krakatoa, na Indonésia, que formou vastas nuvens de cinzas em uma distância de 80 km. As cinzas se dissiparam, mas as nuvens se mantiveram.

No passado, a NASA sugeriu que as nuvens noctilucentes poderiam ser o “canário na mina de carvão” para a acumulação de metano na atmosfera, mas isso não pôde ser provado. “Nos últimos anos, as nuvens noctilucentes se intensificaram”, informou a NASA, em 2013.

 [ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / NASA / Mika-Pekka Markkanen ] 

Jornal Ciência