O papilomavírus humano (HPV), responsável por causar Câncer cervical em mulheres, também poderia ser responsável por muitos casos de Cânceres em homens, especialmente os que envolvem as amídalas (Câncer de orofaringe) – mais comuns no gênero masculino.
Indo mais longe, o HPV foi responsabilizado pelas ocorrências cancerosas no ânus, vulva, vagina e pênis, segundo informações dos cientistas Nham Tran e Samantha Khoury, da Universidade de Tecnologia de Sidney, na Austrália. Os Cânceres orais – que incluem amídalas, boca e língua – afetam mais de 300 mil pessoas em todo o mundo a cada ano. Somente na Austrália, uma a cada 49 pessoas corre o risco de ser diagnosticada com Câncer na cabeça, pescoço e vias orais, por volta dos 85 anos.
As chances são maiores entre os homens (uma em 32) do que nas mulheres (uma em 98). Ainda, estima-se que 769 pessoas do sexo masculino morrerão em 2016 vítimas dos tipos de Cânceres anteriormente mencionados, enquanto que para as mulheres o número é 247. Atualmente, a melhor maneira de se proteger contra esses casos é tomando a vacina contra o HPV, que aqui no Brasil é distribuída de forma gratuita pelo de Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de muita gente pressupor que se trata de uma vacina específica para mulheres, ela é capaz de proteger ambos os gêneros. Sendo disposta em duas formas: a quadrivalente e a ambivalente, diferenciadas pelos tipos de vírus que combatem.
O que é o HPV?
Trata-se de um grupo de vírus identificado pela primeira vez em meados dos anos 1970. Atualmente, existem mais de 170 tipos conhecidos, capazes de infectar a pele, viver no trato genital e até mesmo na boca. De acordo com os cientistas, cerca de 80% das pessoas no mundo, em algum momento da vida, irão adquirir uma infecção viral da família dos papilomavírus humano, e geralmente sem saber, já que, a maioria dos casos é assintomática. Tais infecções são transmitidas sexualmente, por meio vaginal ou oral, e até mesmo através do beijo, de acordo com os especialistas australianos.
Na pele, o vírus forma verrugas comuns, esses tipos são os considerados de “baixo risco” (tipos HPV 6, 11, 13 ou 32). Porém, quando atingem a mucosa da boca, garganta, trato respiratório e genitais, a infecção resultante, a longo prazo, pode levar ao Câncer no colo do útero, ânus, órgãos genitais e orofaringe (região localizada entre o meio da garganta, que inclui a língua, amígdalas, palato mole e paredes da faringe). Estes são os tipos de “alto risco”, tais como 16, 18 31, 33, 45, 52 e 58.
Um estudo publicado recentemente avaliou que o HPV esteve presente em 91% dos casos de Cânceres de colo do útero e anal, bem como 75% do vaginal, 69% dos vulvares, 63% dos Cânceres de pênis e 70% de orofaringe. Enquanto ainda não existem tratamentos para o vírus em si, muitas das vezes, o próprio organismo é capaz de eliminá-lo em um período de dois anos após a infecção. Porém, em algumas pessoas, ele ainda pode viver no corpo durante muito tempo, com os sintomas aparecendo em 10 ou 20 anos após a infecção.
Nos casos de Câncer de orofaringe, os pacientes que descobrem os tumores em estágio inicial podem ser tratados com radioterapia e terem o tumor removido por cirurgia. Nos últimos cinco anos, a taxa de sobrevivência nesses casos é de 90%. No entanto, a maioria dos pacientes descobre a doença já em estágio avançado, quando a taxa de sobrevivência é de apenas 40%.
A vacina contra HPV
Desenvolvida por cientistas australianos em 2006 para proteger especialmente as mulheres contra o Câncer cervical, em 2007 o país foi o primeiro a implementar um programa de vacinação contra o HPV para meninas, em todo seu território. Somente em 2013, ele foi estendido para incluir os meninos.
No entanto, embora tenha sido concebido para proteger as mulheres contra o Câncer cervical, anal e genital, ele também é capaz de proteger os homens (e mulheres) do Câncer de orofaringe. As duas vacinas encontradas atualmente no mercado internacional são: Gardasil (bivalente) e Cervarix (quadrivalente), ambas licenciadas para os homens com idades entre nove e 26 anos e para mulheres entre nove e 45 anos, segundo os especialistas do artigo.
O impacto da vacinação em relação à prevenção contra o vírus já é notável em todo o mundo, o que sugere uma redução dos futuros casos de Câncer associados ao HPV. Logo, a ideia dos pesquisadores é que organizações internacionais de saúde possam implementar um programa de imunização mundial, especialmente em países de média e baixa renda, para que assim, esses tipos de Câncer se tornem eventos cada vez mais raros.
[ IFL Science ] [ Fotos: Reprodução / IFL Science ]