Há muito que se acredita que a gagueira, condição que atingiu vítimas famosas como o Rei George VI do Reino Unido, o político Winston Churchill e a atriz Marilyn Monroe, poderia ter causas genéticas ou ser resultante de dinâmicas familiares.

No entanto, um novo estudo, pela primeira vez, relacionou a gagueira com uma limitação do fluxo sanguíneo em uma determinada região do cérebro, de acordo com informações do jornal Daily Mail. Pesquisadores do Children’s Hospital de Los Angeles (CHLA), nos EUA, sugeriram a ocorrência de uma redução do fluxo sanguíneo no lobo frontal, associado à produção da fala. Segundo o estudo, quanto mais grave o gaguejar, mais limitada é a circulação nesta região.

De acordo com o principal pesquisador do estudo, Dr. Bradley Peterson, o trabalho apresenta “uma massa crítica de evidências”, sendo o primeiro a medir a gagueira e o fluxo de sangue em repouso, o que poderia transformar completamente nossa compreensão de uma deficiência tão comum. Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas sofram com a gagueira em todo o mundo. Enquanto que pode atingir ambos os gêneros, é mais comum nos homens, ocorrendo quatro vezes mais do que em mulheres.

Para o estudo, a equipe utilizou uma técnica de espectroscopia de ressonância magnética de prótons, a fim de conseguir observar regiões do cérebro de crianças e adultos gagos. Com isso, se concentraram no centro de fala, conhecido como “área de Broca”, bem como circuitos cerebrais especificamente relacionados. Então, utilizando o fluxo sanguíneo como parâmetro para a atividade cerebral, eles descobriram que este estava ligada à gagueira.

Uma maior anormalidade no fluxo da região associada ao processamento das palavras que ouvimos parece estar relacionada com uma forma mais grave de gagueira. Isto sugere que uma fisiopatologia de todo o circuito neural da linguagem que liga o lobo temporal frontal ao posterior provavelmente contribui para a gravidade da condição.

Quando outras porções do circuito cerebral relacionadas à fala também estavam afetadas, de acordo com nossas medições de fluxo sanguíneo, vimos uma gagueira mais severa em crianças e adultos”, disse um dos autores do estudo, Jay Desai, neurologista clínico do CHLA.

O fluxo sanguíneo foi inversamente correlacionado ao grau de gagueira – quanto mais grave, menor era o fluxo nesta parte do cérebro”, acrescentou ele, afirmando que os resultados do estudo foram “bastante impressionantes”.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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